“A situação geral em que vivem os povos da América Latina é fortemente marcada pela pobreza, pela exclusão e pelo abismo crescente entre ricos e pobres”. O alerta é feito pelos Bispo da América Latina e do Caribe numa carta que foi entregue aos governantes reunidos, em Lima (Peru), para a V Cimeira entre os países da União Europeia e 33 nações latino-americanas. Segundo os prelados, a situação de pobreza e exclusão trava “a pequena produção agrícola, cria desemprego e instabilidade no âmbito de trabalho, não permite sistemas educacionais e de saúde pública adequados, gera violência e insegurança alimentar, provoca migrações e aumenta a deterioração do equilíbrio ecológico”. O documento assinado pelas autoridades do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e da Igreja no Peru – país anfitrião do encontro que se concluiu este Sábado com a publicação da “Declaração de Lima” sobre pobreza e desenvolvimento sustentável – foi entregue à chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e ao presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Poettering. Os Bispos reiteram, com referência aos ensinamentos da Conferência de Aparecida, que “está em perigo não somente a coesão social, mas a própria estabilidade política do sistema democrático em diversas nações do continente”. “É preciso subordinar o mercado a um núcleo de referência ético-cultural, como a dignidade do trabalho, os direitos dos migrantes e dos refugiados e as políticas sociais. São necessárias políticas de cooperação internacional capazes de reduzir as desigualdades e garantir, ao mesmo tempo, a paz social, na perspectiva da urgente erradicação das causas da pobreza”, escrevem. Concluindo, os signatários pedem a correcção de graves assimetrias nas relações comerciais bilaterais entre a União Europeia e a América Latina, ressaltando a centralidade da pessoa humana também nas dinâmicas de troca de bens e serviços. (Com Rádio Vaticano)