Homilia do Bispo de Viseu na Missa do Dia de Natal Natal de 2008. Deus, em Jesus Cristo, vem habitar no meio de nós. Ele é o Emanuel, o Deus Connosco. É o Grande Acontecimento na humanidade, que nos espanta e nos encanta. Não percamos o encanto do Natal, ainda que venha todos os anos!… Como são necessários e urgentes os voluntários que anunciem esta Boa Nova e levem longe e a todos esta Alegre Notícia!… Como os Pastores; como os Magos; sobretudo como os Anjos, na noite de Natal! … Anunciemo-lo a todos, sem medo, pois o Natal é a grande, a verdadeira e a única autêntica globalização. Se não o anunciamos, pode acontecer que todos o saibam, mas não se espantam nem encantam, porque não se encontram com o Emanuel, Aquele que “inventou” o Natal. Isaías diz-nos hoje, a desafiar-nos a todos: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação”. Isto é o Natal! E se assim for, se o Natal for para todos um dom de Deus a trazer a paz e a boa nova do Emanuel, “todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus”. É isto que faz falta para um Mundo Novo: anunciar e realizar o Natal como a aurora dos novos tempos, dos últimos tempos, daqueles tempos que dão lugar a Deus no mundo dos homens, semeando a Sua Palavra e construindo a justiça e a fraternidade. É a única forma de todos os homens terem lugar e justiça e dignidade e direitos e felicidade neste mundo de Deus… Temos, na nossa Diocese de Viseu, um lema inspirador, com propostas exigentes e concretas: “Jesus Cristo é a Boa Nova para um Mundo Novo”, a viver em comunhão solidária e em corresponsabilidade partilhada. Conhecer Jesus Cristo e a Sua Palavra – em grupos de leitura orante da Bíblia; saber o que Ele pensa dos homens e o amor que lhes tem; anunciar um mundo novo onde reine a justiça, a paz e a fraternidade; realizar e testemunhar tudo na alegria, na verdade e na comunhão entre todos… Tudo isto se torna decisivo para que a Fé tenha credibilidade e dê consistência à vida. Somente assim, a Esperança animará o presente, anunciará e formatará o futuro e o iluminará, tornando-o Boa Nova a viver em caminho e opções. O Natal, com o seu mistério de luz e de vida, é decisivo para o sentido e a orientação da pessoa humana e das suas escolhas. Se não o vemos e aceitamos assim, pode tornar-se descartável e não ultrapassar o imaginário – mais ou menos rico… Poder-se-á limitar ao Presépio e às tradições da época, se não marcar toda a acção e intervenção humana – cultural, social, económica, política e religiosa – apontando valores, discernindo posições (privadas ou públicas), marcando decisões (individuais ou colectivas) e orientando atitudes na vida de cada dia… O Natal não é uma Festa anual que se celebra num memorial evocador de um Acontecimento passado. É, antes, um caminho e um projecto que Deus oferece aos homens, garantindo presença, acompanhamento e mediação para a realização de um sonho que deve tornar-se, para o bem de todos, uma realidade urgente, permanente e feliz. O Evangelho de hoje é, assim, a síntese de uma história que abarca e ultrapassa todo o homem, toda a humanidade e todo o tempo. Originada no passado eterno de Deus Trindade, acompanha toda a evolução do mundo e da história humana e cósmica e tem a sua concretização no eterno hoje que é, também, toda a realização da história temporal e futura. O Natal está no antes de tudo ser criado, pois, “o que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim” – “no princípio, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Ele está muito presente no depois de tudo ser recriado, quando Jesus entregar toda a Criação a Seu Pai e tudo se consumar na redenção. Mas Ele é, sobretudo, o Emanuel, o Deus Connosco e “na verdade, é da Sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça”, hoje e sempre. Para todos e cada um de vós, os meus votos de que, em cada dia, o Deus que nasceu para nós, esteja convosco e que Ele abençoe e inspire cada momento e cada actividade da vossa vida. N’Ele, um Feliz 2009! Ilídio, bispo de Viseu