Ano B – 30.º Domingo do Tempo Comum

Salvos na fé, partir em missão

No Evangelho deste 30.º Domingo do Tempo Comum, Jesus termina o diálogo com o cego Bartimeu dizendo: “vai, a tua fé te salvou”. Este final é antecedido pelo repetido pedido, autêntica oração, do cego a Jesus de Nazaré: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». E logo que Jesus o chama, ele dá um salto e vai ter com Jesus, pedindo-lhe que lhe dê a vista.

O Evangelho de hoje apresenta-nos uma belíssima proposta de itinerário da fé. A fé não é a simples adesão a determinadas verdades abstratas, que o crente aceita sem sentido crítico. A fé é a adesão a Jesus e à sua proposta de salvação. Por isso, Marcos termina a sua história dizendo que o cego recuperou a vista e seguiu Jesus, isto é, tornou-se seu discípulo missionário.

Ao aderir a Jesus e à sua proposta de salvação, ao aceitar seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida (recorde-se que Jesus se prepara para entrar em Jerusalém, onde vai fazer dom da sua vida em favor dos homens), Bartimeu encontrou a salvação: deixou a vida da escuridão, da escravidão, da dependência em que estava e nasceu para essa vida verdadeira e eterna que, através de Jesus, Deus nos oferece.

Destinatário privilegiado da proposta de salvação que Jesus lhe traz, o cego Bartimeu proclama sem hesitações a sua fé, invoca a ajuda e a misericórdia de Jesus, acolhe sem hesitações o chamamento que lhe é feito, liberta-se da vida velha e, com alegria, decisão e entusiasmo, aceita sem condições seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida.

Os discípulos de Jesus são convidados a identificar-se com Bartimeu. Quem encontra Cristo e aceita o desafio para viver como discípulo segue um caminho exigente. Tem de abandonar a vida cómoda e instalada em que vivia e enfrentar uma nova realidade, num desafio permanente; tem de aprender a enfrentar as críticas, as incompreensões, os confrontos com aqueles que não compreendem a sua opção; tem de percorrer, dia a dia, o caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida.

No entanto, é preciso que o discípulo esteja consciente de que o caminho de Jesus não é um caminho que leva à morte, mas um caminho que leva à ressurreição, à vida verdadeira e eterna.

Nas alegrias e angústias das nossas vidas, procuremos estar confiantes em Deus e empenhados na construção de tempos mais fraternos e solidários. Sempre no dinamismo de vida nova, que só pode ser recebida e vivida na fé em Jesus Cristo, fé que nos salva e nos convida a estar e a partir em missão. Não podemos calar nem deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos, o próprio Deus que nos ama e a quem aderimos na fé com todo o nosso ser.

Manuel Barbosa, scj
www.dehoniaos.org

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Agência ECCLESIA

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