Ano A – 6.º Domingo da Páscoa

“Não vos deixarei órfãos”

“Não vos deixarei órfãos”. Esta promessa de Jesus pode ser uma boa síntese do tema da liturgia da Palavra deste 6.º Domingo da Páscoa. Tal diz respeito a cada um de nós e à comunidade, sempre transformados pelo Espírito.

O Evangelho apresenta-nos parte do testamento de Jesus aos discípulos, inquietos e assustados. Promete o Paráclito, o Espírito, que conduzirá a comunidade cristã em direção à verdade, a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai.

A segunda leitura exorta os crentes, confrontados com a hostilidade do mundo, a terem confiança, a darem testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos perseguidores. Tudo e sempre ao modo de Cristo.

A primeira leitura mostra a comunidade cristã a dar testemunho da Boa Nova de Jesus e a ser uma presença libertadora na vida dos homens. A ação evangelizadora de Filipe diante das contrariedades só pode acontecer na força do Espírito. Apesar dos riscos corridos em Jerusalém, Filipe não desistiu, não sentiu que já tinha feito o possível, não se acomodou. Partiu para outras paragens a dar testemunho de Jesus.

É o mesmo entusiasmo que nos anima, quando temos de dar testemunho do Evangelho de Jesus? Mesmo nas perseguições, dificuldades, propostas contrárias aos valores cristãos que há em nós, na nossa Igreja, no mundo que habitamos?

O caminho que Jesus propõe aos seus discípulos, o caminho do amor, do serviço e do dom da vida parece, à luz dos critérios com que a maior parte das pessoas avaliam estas coisas, um caminho de fracasso, que não conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao êxito social, nem ao bem-estar material; afinal, tudo o que parece dar verdadeiro sabor à vida das pessoas do nosso tempo.

Jesus garante-nos que é no caminho do amor que encontramos a vida nova e definitiva. Na minha leitura da vida e dos seus valores, o que é que prevalece: o pessimismo de alguém que se sente fraco, indefeso, e que vai passar ao lado das grandes experiências que fazem felizes os grandes do mundo, ou a esperança de alguém que se identifica com Jesus e sabe que é n’Ele que se encontra a felicidade plena e a vida definitiva?

«Não vos deixarei órfãos. Eu estou no Pai, vós estais em Mim e Eu em vós. Quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele». São palavras do Evangelho sem meias-tintas, aliás como é sempre a Palavra de Deus.

Das duas uma: ou nos deixamos levar pelo Espírito de Cristo, ou partimos para outras ondas, ficando órfãos da sua presença. Se somos e vivemos em Cristo, não temos alternativa. Sempre com profundo sentido de liberdade, que nos vem do Espírito do amor de Deus derramado nos nossos corações.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

 

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