Boa terra para semear o Evangelho!
O Evangelho deste 15.º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos a bem conhecida parábola do semeador e da semente, sobre a importância e o significado da Palavra de Jesus.
Temos consciência que a Palavra anunciada e proclamada, meditada e partilhada, celebrada e vivida, é a referência fundamental à volta da qual se constrói a vida da comunidade e dos crentes?
Deixemo-nos interrogar pelas quatro situações apontadas.
A semente que caiu em terrenos duros, de terra batida, faz-nos pensar em corações insensíveis, egoístas e orgulhosos, onde não há lugar para a Palavra de Jesus e para os valores do Reino. É a realidade de tantos homens e mulheres que veem no Evangelho um caminho para fracos e vencidos, e que preferem um caminho de independência e de autossuficiência, à margem de Deus e das suas propostas.
A semente que caiu em sítios pedregosos, que brota nessa pequena camada de terra que aí está, mas que morre rapidamente por falta de raízes profundas, faz-nos pensar em corações inconstantes, capazes de se entusiasmarem com o Reino, mas incapazes de suportarem as contrariedades, as dificuldades e as perseguições. É a realidade de tantos homens e mulheres que veem em Jesus uma verdadeira proposta de salvação e que a ela aderem, mas que rapidamente perdem a coragem quando confrontados com a radicalidade do Evangelho.
A semente que caiu entre os espinhos e que foi sufocada por eles faz-nos pensar em corações materialistas, comodistas e instalados, para quem a proposta do Reino não é a prioridade fundamental. É a realidade de tantos homens e mulheres que, sem rejeitarem a proposta de Jesus – muitas vezes até são “muito religiosos” e têm “a sua fé” –, fazem do dinheiro, do poder, da fama e do êxito profissional ou social o verdadeiro Deus a que tudo sacrificam.
A semente que caiu em boa terra e que deu fruto abundante faz-nos pensar em corações sensíveis e bons, capazes de aderirem às propostas de Jesus e de embarcarem na aventura do Reino. É a realidade de tantos homens e mulheres que encontraram na proposta de Jesus um caminho de libertação e de vida plena e que, como Jesus, aceitam fazer da sua vida uma entrega a Deus e um dom aos homens.
Este último é o quadro ideal do verdadeiro discípulo. Nem sempre estamos situados neste último quadro. Mesmo navegando pelas quatro situações da parábola, procuremos sintonizar sobretudo com esta última.
Que a Palavra, que germina e cresce no nosso coração, seja sempre o dinamismo que nos desafia a olhar a vida e os outros com entusiasmo solidário. Levados pelo que insistentemente nos diz o Papa Francisco, nunca nos cansemos de ser transformados pela alegria missionária do Evangelho.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org