Angra: Diocese despede-se de D. Aurélio Granada

Generosidade e afeto marcaram vida do anterior bispo de Angra, diz sucessor

Angra do Heroísmo, Açores, 29 ago 2012 (Ecclesia) – O anterior bispo de Angra, D. Aurélio Granada, que morreu este sábado, é um exemplo de dedicação ao catolicismo e de apego aos açorianos, afirmou hoje o seu sucessor.

D. António Sousa Braga, que preside esta quarta-feira às 16h00 (17h00 em Lisboa) à missa na Sé de Angra, que antecede o cortejo fúnebre em direção ao Cemitério do Livramento, disse à Agência ECCLESIA que o seu antecessor lega um “grande empenhamento, generosidade e entrega ao serviço da Igreja”.

D. Aurélio, natural de Alcains, Diocese de Portalegre-Castelo Branco, “passou 22 anos de ministério episcopal em Angra e manteve sempre uma relação de afeto com os Açores”, sublinhou o atual prelado.

“Tenho uma grande ligação a D. Aurélio não só porque sou o seu sucessor mas também porque foi ele que me ordenou bispo, em 1996”, salientou D. António Braga, acrescentando que o seu antecessor, depois de renunciar ao cargo, “nunca se imiscuiu no governo da diocese e soube sempre ser respeitoso”.

O bispo emérito de Angra falecido aos 92 anos entrou na diocese açoriana, então como prelado coadjutor, cerca de um mês após a revolução de 25 de abril de 1974, que instaurou o regime democrático em Portugal.

“Viveu momentos difíceis” numa época em que se fizeram ouvir as vozes pela independência do arquipélago, incluindo as de alguns sacerdotes, recorda D. António Braga, que também destacou o papel do predecessor na “renovação da Igreja” proporcionada com a aplicação das medidas do Concílio Vaticano II (1962-1965).

“Os Açores são um território descontínuo pelo que não é fácil levar para a frente um programa pastoral que se aplique em todas as ilhas”, lembrou o atual bispo, que também realçou a atuação de D. Aurélio enquanto promotor dos movimentos laicais e a sua ação após o sismo ocorrido a 1 de janeiro de 1980.

O terramoto causou a morte a cerca de 50 pessoas e a destruição de mais de metade das edificações na Terceira, sede da diocese e a ilha mais afetada, tendo também provocado 20 vítimas mortais em São Jorge, que à semelhança da Graciosa sofreu importantes estragos materiais.

Na homilia que pronuncia esta tarde durante a missa o bispo de Angra vai acentuar que D. Aurélio “procurou viver e transmitir a fé” e deu “um grande testemunho da devoção eucarística”: “Até poucos dias antes da morte a sua principal ação de cada dia era a celebração da missa”.

D. António Braga falará ainda do “reconhecimento da diocese pelo serviço que prestou e sobretudo pela grande estima que manifestou sempre aos açorianos”.

“Para quem não nasceu nos Açores não é fácil compreender a religiosidade popular das ilhas mas D. Aurélio, tendo vindo de fora, conseguiu inculturar-se na nossa maneira de ser, exprimir e viver a fé”, concluiu.

RJM

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