D. Belmiro Cuica Chissengueti apresenta-se como «missionário», rejeitando politização do cargo
Lisboa, 23 jul 2018 (Ecclesia) – O novo bispo de Cabinda (Angola) disse à Agência ECCLESIA que quer ser alguém aberto ao diálogo, “sem nunca fechar as portas a ninguém”.
“Eu vou como missionário e é nesta perspetiva que eu gostaria de ser recebido, tratado”, como alguém que “vai anunciar a justiça e a paz, abrir pontes de diálogo entre as pessoas”, assinalou D. Belmiro Cuica Chissengueti, de 49 anos, nomeado pelo Papa Francisco a 3 de julho.
O novo bispo de Cabinda vai ser ordenado a 30 de setembro, numa cerimónia a decorrer na Arquidiocese de Luanda; a tomada de posse na Diocese de Cabinda acontece a 7 de outubro.
D. Belmiro Cuica Chissengueti, que era superior provincial da Congregação do Espírito Santo (Espiritanos) em Angola, esteve em Portugal para acompanhar o Capítulo Provincial dos Espiritanos, que decorre no Seminário da Torre d’Aguilha.
O responsável diz que “não foi fácil” aceitar a missão que o Papa lhe confiou, mostrando-se pronto “para dialogar e para servir”, para estar com os que “precisam de uma voz de amparo, de afeto, de uma palavra de fé e de esperança”.
Quanto a pretensões independentistas no enclave de Cabinda, o novo bispo sublinha que a missão da Igreja é “essencialmente religiosa, espiritual”, sem qualquer “distinção” de pessoas.
A diocese angolana esperava um novo bispo desde 2014, altura em que D. Filomeno Dias foi nomeado arcebispo de Luanda, continuando como administrado apostólico de Cabinda.
D. Belmiro Cuica Chissengueti nasceu em 5 de março de 1969, na aldeia do Cutato-Chiguar, município da província do Bié, no centro de Angola.
Questionado sobre as críticas que a sua nomeação recebeu nalguns setores, por não ser natural de Cabinda, o responsável defende que “é ver a Igreja Católica noutro prisma, num prisma supranacional”.
“Eu não pedi para ser bispo”, observa, considerando que “não faria sentido” rejeitar um pedido do Papa.
Num olhar para o panorama social e político, o bispo de Cabinda sublinha as consequências da atual “crise do petróleo” que afeta Angola, lamentando o dinheiro “escondido em Portugal e noutros bancos do Ocidente” durante um tempo de maior prosperidade e criticando ainda a grande dependência da China.
“A corrupção é o grande mal que está a emperrar o desenvolvimento de Angola, que nunca teve tanto dinheiro, na sua história, como nos últimos 10, 15 anos”.
Aos países ocidentais, D. Belmiro Cuica Chissengueti pede “ajuda” no combate à corrupção e a criação de um “Plano Marshall” para a África, permitindo que “não morra tanta gente em Lampedusa, na travessia dos mares”.
Padre desde maio de 1996, o novo prelado foi secretário da Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal de Angola (CEAST), vigário episcopal da Arquidiocese de Luanda para a Pastoral Social e coordenador da missão de observação da CEAST para as eleições de 2012.
PR/OC