Angola: Diretor da Cáritas preocupado com efeitos da seca e «dependência» económica do petróleo

José Quintas está em Portugal para apresentar plataforma de projetos «Cáritas Lusófonas em Rede»

Lisboa, 27 jun 2021 (Ecclesia) – O diretor da Cáritas Angola manifestou preocupação com o impacto da seca no país africano e a “dependência” económica do petróleo, pedindo políticas mais inclusivas.

“Ser inclusivo é chamar toda as sensibilidades de angolanos para que se criem políticas um pouco mais reais, mais práticas, mais visíveis, que não tenham diferenças nem cores partidárias, mas que reflitam o projeto de Angola, para sair desta dependência apenas do petróleo”, referiu José Quintas, convidado da entrevista semana, Renascença/Ecclesia, publicada e emitida ao domingo.

O responsável fala numa “boa relação” com o Governo, particularmente na intervenção social e de combate à pobreza, considerando fundamental que se encontrem parceiros dentro do próprio país.

O diretor da Cáritas Angola reconhece o mérito de programas para o combate à pobreza, como o Kwenda, mas aponta “falhas na implementação” dos mesmos.

“Vejo que, dentro das políticas do Plano Nacional de Desenvolvimento e de Combate à Pobreza, há indicadores, há vontade política de se combater a pobreza, mas depois vemos certos mecanismos que podem falhar: a supervisão, a implementação, a capacitação das pessoas que estão num programa”, adverte.

José Quintas espera que o Governo vá ao encontro das instituições e comunidades para auscultar os recursos que existem em várias zonas, para lá do petróleo.

O responsável lamenta a existência de atitudes de “ganância, corrupção”, esperando que se desenvolva a ideia de trabalhar para o bem comum.

A entrevista abordou o impacto da pandemia em Angola, com impacto nas famílias que trabalham face às restrições para a prevenção e contenção da Covid19.

José Quintas pede um reforço do apoio às PME, que representam 90% da economia angolana, para limitar os efeitos da crise na população.

O presidente da Cáritas Angola gostaria ainda de ver o Governo envolver a instituição no processo de vacinação, sublinhando o papel da Igreja Católica no país e as suas várias instalações, espalhadas pelo território.

O entrevistado destaca, por outro lado, que as comunidades que precisam dos serviços da Cáritas estão por todo o país.

“Angola vive a questão da seca, fome, estiagem, peste de gafanhotos, nas províncias do sul. Em parceria com algumas instituições públicas, a Cáritas está lá para dar o seu suporte, no mapeamento das famílias”, aponta.

A Caritas de Angola lançou este ano a Rede de Desenvolvimento Rural e Agricultura Sustentável (REDRAS), procurando auxiliar comunidades isoladas “através de uma agricultura sustentável, familiar”.

Na próxima terça-feira vai ser apresentada na sede da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, a Plataforma de Projetos “Cáritas Lusófonas em Rede”, com a participação de José Quintas, entre outros.

O responsável destaca a importância de “criar sinergias” e de melhorar os “parâmetros de gestão”.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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