Algarve: Património do século XVIII descoberto na igreja de S. Francisco de Loulé

«Isto é maravilhoso, é um património incalculável» – Padre Carlos de Aquino

Padre Carlos de Aquino; Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Faro, 09 jul 2019 (Ecclesia) – A Paróquia algarvia de Loulé descobriu um “património incalculável” do século XVIII, como elementos de retábulos, nichos de talha dourada, imagens, paramentaria, alfaias e documentos, nas obras de recuperação de um anexo da igreja de São Francisco.

“Os altares que se considerar estarem perfeitas condições serão reconstruídos. Os outros altares, que exijam alguma reparação ou restauro maior – temos que fazer esse estudo – ficarão para o museu que também se vai construir”, disse o pároco, na informação enviada à Agência ECCLESIA.

Ao jornal diocesano ‘Folha do Domingo’, o padre Carlos de Aquino considera a descoberta “maravilhoso, é um património incalculável” e explicou que “algumas imagens já não estarão em condições” de regressar ao culto mas “serão peças do museu”.

Um taipal no fundo da sala que ia ser recuperada tapava a entrada para uma divisão interior onde estava material que pertencia à antiga decoração daquela igreja da paróquia de São Sebastião.

O “tesouro” patrimonial do século XVIII contém elementos de retábulos e nichos de talha dourada, imagens, caixas com paramentaria, algumas alfaias litúrgicas, documentos vários, alguns da primeira década do século XX, entre muitos outros objetos.

“Ficámos completamente espantados”, lembra Armando Semedo, membro do Conselho Económico paroquial, sobre a sua reação e do pároco de Loulé quando chegaram ao local que ia começar a ser recuperado para funcionar como capela mortuária.

Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na altura da descoberta, recordou, o responsável da obra telefonou a dizer que “tem um grande problema porque” quando abriram o taipal “viram muitas imagens e muitos altares e não sabem o que fazer”.

Segundo o historiador Francisco Lameira os nichos vermelhos e dourados são do segundo do quartel do século XVIII, período do reinado de D. João V, os nichos barrocos em talha estariam colocados nas paredes laterais, “provavelmente da capela-mor, onde estariam as imagens”, e um retábulo de talha dourada com tons de azul, de uma segunda campanha de obras, datada da segunda metade do século XVIII, parece ser o do antigo altar do Santíssimo Sacramento, por incluir o respetivo sacrário.

O especialista em talha que foi convidado pelo padre Carlos de Aquino para ver a descoberta explicou que as imagens, a maioria de roca, fariam parte da antiga Procissão das Cinzas, onde se encontram esculturas de Cristo ressuscitado, de Nossa Senhora da Assunção, de São Francisco, para além de uma do Senhor dos Passos, de maior dimensão.

“A população pensava que tinha ficado tudo partido e que tinham deitado tudo para o lixo. O que quer dizer que as pessoas se habituaram a aceitar essa desgraça como verdade”, disse ainda Armando Semedo.

Para o padre Carlos de Aquino quem guardou o material “teve a sabedoria” de as coisas não serem vendidas, perdidas, queimadas, “ao deixar para memória futura aquilo que era o espólio e a riqueza da igreja”, divulga o jornal ‘Folha de Domingo’.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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