Luís Galante acompanha comunidades, centros sociais e paroquiais, preside a celebrações e trabalha no Tribunal Eclesiástico
Faro, 01 dez 2020 (Ecclesia) – Luís Galante, diácono permanente na Diocese do Algarve, afirma que a sua missão “é servir a Igreja onde é preciso servir”, desde o encontro com os “mais carenciados” aos novos desafios pastorais.
“O ministério dos diáconos surgiu para servir às mesas, para servir aqueles que eram mais carenciados e precisavam do apoio social da altura. Agora, esse servir às mesas é uma coisa mais alagada, pode ser acolher crianças num infantário, acolher idosos em lares, visitar famílias e idosos nos seus domicílios. E pode ser coordenar todo o trabalho de profissionais para fazer esse serviço”, explicou Luís Galante.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o diácono permanente fala do trabalho em “duas paróquias rurais do concelho de Faro” – Estoi e Santa Bárbara de Nexe -, e os respetivos centros sociais paroquiais.
Luís Galante, como diácono e como jurista, foi destacado para substituir o pároco na presidência dos dois centros; trabalha também no Tribunal Eclesiástico Interdiocesano Évora, Beja e Algarve, “mais na sessão de instrução de Faro ajudando os juízes”, com “funções de notário”, e também colabora com o bispo diocesano “a nível patrimonial, de recursos humanos e financeiros”.
“É uma disponibilidade quase total daquilo que me é pedido”, observa, acrescentando que completa tudo com “a atividade profissional de advogado”.
Neste contexto, adianta que os seus dias, “conforme as necessidades”, às vezes, começam “às 3 da manhã”, mas diz ser possível “conciliar” tudo.
O entrevistado destaca que a “saúde está boa”, alertando que “há muitos clérigos que levam uma vida de tal maneira intensa, sacerdotes com várias paróquias, que depois se ressentem”.
Sobre o trabalho nos centros sociais e paroquiais, o diácono permanente admite que é “um trabalho muitas vezes muito burocrático, muito administrativo, muito sujeito aos princípios da lei”, e, às vezes, sentem-se “mais funcionários públicos do que propriamente servidores”.
O ministério do diácono permanente, na Igreja Católica, está particularmente destinado às atividades caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas, podendo estes ministros administrar o Batismo, presidir a casamentos e exéquias, entre outras funções.
Luís Galante observa que, “naturalmente”, o estudo também tem de ser permanente.
“Esta manhã [sábado] presidi a dois batizados e tive de fazer uma homilia, falar a pessoas que tinham a iniciação cristã completa, bem integrada, mas foi preciso fazer uma reflexão sobre aquele momento que estávamos a viver. Temos que nos preparar para isso, estudar, atualizar”, exemplificou o entrevistado que, esta terça-feira, participa na Jornada Nacional do Diaconado Permanente.
Neste sentido, acrescenta que também reza “a liturgia das horas, o ofício de leituras, porque é um manancial de inspiração, de formação e atualização” que se encontra na Palavra de Deus e que os Padres da Igreja “transmitem diariamente”.
“Se não fosse isso, humanamente não era muito fácil”, observa o diácono Luís Galante.
Ordenado há 20 anos, a 20 de fevereiro de 2000, o entrevistado explica que, quando foi convidado, considerou que “podia dar um contributo à Igreja, face à escassez grande de clero”, havia uma necessidade de mais agentes de pastoral e “mais comprometidos, mais vinculados à própria Igreja”, para além da colaboração que tinha na Paróquia de São Pedro de Faro, onde “era catequista” com a esposa.
“O nosso diaconado é até uma forma de estarmos relacionados com outras pessoas e com outras famílias. Temos uma teia de relações sociais que não teríamos se não tivéssemos este serviço. A minha família só tem beneficiado, no sentido de conviver com outras pessoas, ter boas relações”, desenvolveu.
No Ano Jubilar de 2000, o então bispo do Algarve D. Manuel Madureira Dias (atual bispo emérito) ordenou sete homens casados no primeiro grau do sacramento da ordem, na igreja de São Luís de Faro.
“Era uma novidade mas como as coisas foram sendo preparadas ao longo de vários anos, nomeadamente nas comunidades onde os diáconos estavam inseridos, e fomos celebrando a instituição de leitores e acólitos em diferentes comunidades”, desenvolveu Luís Galante, lembrando que o “senhor bispo D. Manuel Madureira foi explicando às pessoas o que era o diaconado e o diaconado permanente”.
“Hoje as pessoas estão perfeitamente identificadas com o ministério diaconal”, acrescentou.
O Motu Proprio ‘Sacrum Diaconatus Ordinem’ (18 de junho de 1967), do Papa Paulo VI, promulgou a restauração do diaconado permanente na Igreja Latina, segundo decisão tomada no Concílio Vaticano II.
CB/OC