Vice-presidente da autarquia local destaca uma «tradição secular» que «tem vindo a ganhar cada vez maior expressão»
Évora, 28 mar 2016 (Ecclesia) – A romaria à Serra de São Miguel, em Sousel, na Arquidiocese de Évora, é uma das tradições pascais mais emblemáticas do Alentejo que nesta segunda-feira, em muitos locais, se veste de gala para festejar a ressurreição de Cristo.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a vice-presidente da autarquia de Sousel destaca uma “tradição secular” que “tem vindo a ganhar cada vez maior expressão”, a partir da devoção a Nossa Senhora do Carmo, a padroeira da vila.
Há cerca de 50 anos, o dia ganhou novos contornos, tornando-se no feriado municipal por excelência.
“Acreditamos que as pessoas vivem muito intensamente este dia e quisemos honrar esta nossa santa, daí esta tradição”, salienta Marta Carujo.
O programa do dia associa o religioso ao popular, com destaque para a missa de Páscoa subida de procissão até ao alto da Serra de São Miguel, um almoço partilhado e uma corrida de touros que acontece na praça da localidade, considerada uma das praças mais antigas da Península Ibérica.
“É muito uma tradição familiar”, realça Marta Carujo, que salienta o facto de este dia permitir juntar, à volta da mesma mesa, muitas das pessoas que normalmente “estão fora”.
Fátima Gordo é natural de Sousel mas está “há 25 anos em Lisboa” mas para ela “segunda-feira de Páscoa sem serra não é Páscoa”.
“As pessoas gostam, mesmo as que não são praticantes gostam de aparecer e destes atos religiosos”, frisa o pároco da comunidade.
“Antigamente as pessoas vinham a pé, agora não já têm carros. É um gosto esta partilha, cada um traz aquilo que fez em casa, o cordeiro e os comeres alentejanos, as bebidas, é uma tarde maravilhosa”, acrescenta o padre António Nabais.
Uma tradição pascal que, como sustenta o sacerdote, mostra a religiosidade e a alegria do povo alentejano, a sua predisposição para o convívio e a vontade em “apreciar os seus sabores e manter os seus saberes”.
Algo que o povo tem procurado passar às gerações mais novas, como no caso de Paula Carapeta, que começou a vir com os seus pais, ainda “miúda” .
“O meu pai é natural de Sousel, eu aos seis anos vim morar para aqui e desde aí que venho viver todas estas manhãs, desde as sete da manhã que estamos aqui. Antes só podia vir com os meus pais, agora venho com os meus amigos”, realça a jovem.
Hoje de carro, ontem a pé ou com o auxílio dos animais e das carroças, a subida à Serra de São Miguel continua a marcar a Páscoa na região de Sousel e no território alentejano, hoje preenchido por várias outras festas e romarias, por exemplo nas localidades de Campo Maior, Mourão, Borba e Elvas.
Uma tradição que já foi dada a conhecer através da reportagem do Programa 70×7.
HM/JCP