Alemanha: Papa pede «coragem» à Igreja Católica que vai abordar em Sínodo a questão dos abusos sexuais de menores

Francisco declarou em carta o seu apoio total ao debate que vai estar em curso 

Foto Vatican Media

Cidade do Vaticano, 01 jul 2019 (Ecclesia) – O Papa declarou o seu apoio à Igreja Católica alemã, que quer dedicar um Sínodo a várias problemáticas que afetam as estruturas eclesiais naquele pais, como os abusos sexuais a menores por membros do clero e religiosos.

Numa carta divulgada pelo portal Vatican News, Francisco realça que se trata de um “debate justificado e necessário” num tempo que “suscita questões novas e antigas”.

Em cima da mesa de debate deverão estar também questões como “o envelhecimento das comunidades, a falta de vocações, a não aceitação da doutrina sexual católica e a questão do estilo de vida dos sacerdotes”.

Na sua missiva, Francisco pede “coragem” aos responsáveis da Igreja Católica na Alemanha e alerta para o perigo de uma “falsa reforma” e para a tentação de apenas “reorganizar as coisas”.

“Uma realidade eclesial organizada não resolve nada porque precisa também da frescura do Evangelho”, aponta o Papa argentino, que destaca ainda a importância de uma “conversão pastoral”.

A promoção de um Sínodo na Igreja Católica na Alemanha ficou decidida durante a assembleia plenária de março, do episcopado germânico, e a iniciativa deverá contar com o contributo dos leigos e de diversos especialistas internacionais.

“Todas as ocasiões em que uma comunidade eclesial tentou sair sozinha dos seus problemas, e confiou apenas nas suas forças, métodos e inteligência, acabou por multiplicar e alimentar ainda mais os males que queria superar”, escreve Francisco, que recorda depois quatro caraterísticas da Igreja Católica na Alemanha que devem dar alento aos responsáveis pelo Sínodo: “diversidade, pluralidade, sentido de corresponsabilidade e generosidade”.

O Papa aborda também o significado da sinodalidade, para lembrar que se trata de um caminho que deve ser realizado sobretudo “de baixo para cima”, ou seja, com a participação das comunidades, indo ao encontro da realidade das pessoas, e só depois “de cima para baixo”, a partir da estrutura hierárquica.

“Os desafios que nos aguardam, as várias questões e perguntas que se nos apresentam não podem ser ignoradas ou escondidas, mas devem ser enfrentadas de forma atenta, quer para não ficar emaranhados nelas, quer para não as perdermos de vista, restringindo assim os nossos horizontes e a realidade”, completa Francisco.

JCP

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