Alemanha: Cardeal Marx apresentou renuncia ao cargo de arcebispo de Munique

Responsável fala em «catástrofe» na gestão dos casos de abusos sexuais

Lisboa, 04 jun 2021 (Ecclesia) – O cardeal Reinhard Marx, um dos colaboradores mais diretos de Francisco, apresentou ao Papa a sua renúncia ao cargo de arcebispo de Munique (Alemanha), assumindo responsabilidade na “catástrofe” da gestão dos casos de abusos sexuais no país.

A carta de renúncia foi divulgada esta manhã, com autorização do Papa, que ainda não decidiu sobre o pedido e determinou que o cardeal alemão se mantenha, entretanto, no desempenho das suas funções.

O arcebispo de Munique é membro do Conselho de Cardeais, organismo criado por Francisco para a reforma da Cúria Romana, e coordenador do Conselho para a Economia, da Santa Sé.

“Para mim, trata-se de partilhar responsabilidades pela catástrofe dos abusos sexuais, por parte dos representantes da Igreja nas últimas décadas”, escreveu o arcebispo de Munique ao Papa.

Em 2018, um estudo encomendado pela Conferência Episcopal Alemã identificou “riscos sistemáticos” que facilitaram os abusos e o seu encobrimento.

O cardeal Marx considera que os documentos mostram, de forma consistente, que houve “muitas falhas pessoais e erros administrativos”, mas também “falha institucionais ou sistémicas”.

Na missiva, citada pelo portal ‘Vatican News’, o arcebispo de Munique considera que alguns na Igreja “não querem admitir este elemento de corresponsabilidade e, portanto, também a cumplicidade da instituição”, pelo que rejeitam “qualquer reforma e diálogo de renovação em ligação com a crise dos abusos”.

O responsável entende que se chegou a um “ponto morto” e entende que a sua renúncia pode ajudar a mostrar que “o foco não está no ministério, mas na missão do Evangelho”.

Em fevereiro de 2019, o cardeal esteve presente na cimeira mundial convocada por Francisco, no Vaticano, para abordar a questão da proteção de menores, enquanto presidente da Conferência Episcopal Alemã.

Na sua intervenção, D. Reinhard Marx sustentou que o abuso sexual de crianças e jovens acontece, “em grande medida, devido ao abuso de poder” e que o sistema administrativo da Igreja Católica “obscureceu, desacreditou e tornou impossível” a sua missão.

“Não há alternativas à rastreabilidade e transparência”, declarou então.

Na última semana, o Papa decidiu promover uma visita apostólica à Arquidiocese de Colónia, na Alemanha, para examinar a situação pastoral e a gestão dos casos de abuso sexual, bem como “possíveis erros cometidos pelo cardeal Rainer Maria Woelki, o arcebispo de Hamburgo, D. Stefan Hesse, e pelos auxiliares (de Colónia), D. Dominikus Schwaderlapp e D. Ansgar Puff”.

OC

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