Alegria e esperança em tempos de crise

Artistas e responsáveis católicos reuniram-se em Fátima para a 8ª Jornada da Pastora da Cultura

Fátima, Santarém, 22 jun 2012 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal responsável pelo setor da Cultura defendeu hoje em Fátima a necessidade de que a alegria e a esperança sejam manifestações de “algo mais profundo” e não apenas vivência “transitórias”.

“O que é fundamental recuperar ou não perder é esse mar de fundo”, disse D. Pio Alves, no encerramento da 8.ª Jornada da Pastoral da Cultura, sobre o tema ‘Há uma alegria e uma esperança para nós – O diálogo com a cultura no espírito do Concílio’, frase retirada da Constituição Pastoral ‘Gaudium et Spes’ [(GS) Alegria e esperança, em português], aprovada no Concílio Vaticano II (1962-1965).

“Às vezes a estrada aperta, mas não há becos sem saída”, disse D. Pio Alves, para quem o realismo tem de levar em conta, também, “alegrias e esperanças”.

O bispo auxiliar do Porto considerou “sintomática”, a este respeito, a escolha de palavras para o início do documento conciliar.

Autor de várias obras sobre a vida das comunidades cristãs nos primeiros séculos do cristianismo, D. Pio Alves destacou os autores da primeira década do século II, que falavam “da alegria e da esperança como espelho da serenidade que os invadia”.

No último painel do dia, a maestrina Joana Carneiro identificou “sinais de esperança” na criação musical e destacou o facto de haver obras que “sobrevivem” ao tempo, oferecendo uma “noção de eternidade”.

“O homem através das coisas visíveis chega às coisas invisíveis”, referiu, falando numa “alegria imaterial”, uma esperança e alegria “fáceis de transmitir” numa prática diária dedicada à criação e à beleza.

“O artista tem aqui um papel fundamental de criar beleza, promovendo-a”, acrescentou a maestrina, que integra o grupo ‘Sociedade e Política’ do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC)

Duarte Goes, do mesmo grupo, falou da esperança como uma “matriz” da existência, sublinhando a confiança e a “certeza” que, do seu ponto de vista, marcam a perspetiva cristã.

“Este é o momento em que nós podemos fazer a diferença”, acrescentou.

Já o encenador Nuno Carinhas falou da experiência “marcante” da receção do Concílio Vaticano II na paróquia de Santa Maria de Belém, Patriarcado de Lisboa.

Para o atual diretor artístico do Teatro Nacional de São João (Porto), há na arte uma “mobilidade no tempo” que, a partir dela, “confere memória”.

No primeiro painel da jornada, o poeta e ex-candidato à Presidência da República, Manuel Alegre, destacou a importância do Concílio Vaticano II (1962-1965) para redefinir a “relação da Igreja com o mundo”, bem com a atualidade da sua mensagem.

“Impressiona ainda hoje a alegria e a esperança que brotam das suas páginas” e o otimismo com que se encara o futuro, segundo o poeta.

A jornada organizada pelo SNPC contou com a apresentação do filme ‘Mupepy Munatim’, com a presença do realizador Pedro Peralta, distinguido pela Igreja Católica no IndieLisboa 2012.

O programa previa a entrega do prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’ 2012, mas o estado de saúde da personalidade escolhida, o arquiteto Nuno Teotónio Pereira, levou o secretariado a adiar a sessão para Lisboa, em data a anunciar.

OC

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