Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social espera que o momento sirva para promover «reformas profundas»
Fátima, Santarém, 04 mai 2011 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, deixou hoje votos de que a ajuda financeira a Portugal sirva para promover “profundas reformas”, lamentando que as mesmas não tenham surgido por “iniciativa própria”.
“Portugal tem de congregar-se na execução de medidas que nós deveríamos ter tomado por iniciativa própria e avançar com profundas reformas que não visem apenas colmatar as lacunas estruturais bem identificadas”, disse aos jornalistas o bispo auxiliar de Lisboa, à margem da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O responsável comentava o anúncio feito pelo primeiro-ministro, José Sócrates, terça-feira à noite, no qual este afirmou que o Governo conseguiu um “bom acordo” com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia (CE) e Banco Central Europeu (BCE), tendo em vista o programa de ajuda a Portugal.
Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, refere que as medidas “vão beneficiar a estabilidade e sustentabilidade da economia”, pedindo “justiça” nas reformas que serão aplicadas, “atendendo àqueles que mais precisam”.
Quanto ao memorando assinado entre o Governo e a ‘troika’ [FMI, CE e BCE], o prelado sublinha, como aspetos positivos, “a contenção das grandes obras públicas” e a “suspensão das parcerias público-privadas”, para além de se definirem “tempos marcados para fazer as coisas” e a “recapitalização da banca”.
“São elementos que podem, certamente, ajudar a dar sustentabilidade à nossa economia”, indicou.
O bispo auxiliar de Lisboa não escondeu, contudo, a sua “preocupação” perante a redução de alguns apoios sociais, desejando que algumas das medidas anunciadas, como a “reforma profunda da administração pública”, possam “ajudar os mais necessitados”.
Carlos Azevedo considera que aos responsáveis políticos portugueses compete “antever o futuro e exigir já e antecipadamente aquilo que se vislumbra”.
Para o prelado, esta é uma missão que não diz respeito apenas ao país, mas a toda a Europa, que deve dar “prova da sua resistência à mafiosa especulação financeira defensora do dólar” dos EUA.
Neste contexto, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social diz ainda que a própria ONU deveria “reencontrar o seu papel como ator político acima dos interesses”.
Uma porta-voz da Comissão Europeia indicou hoje em Bruxelas que a apresentação das grandes linhas do programa de assistência financeira acordado entre a ‘troika’ e o Governo só terá lugar após as discussões em curso com a oposição, em Portugal.
RM/OC