Ajuda externa: CNIS teme «conflitualidade social»

Padre Lino Maia contesta forma como as medidas acordadas com a «troika» foram apresentadas ao país

Fátima, Santarém, 04 mai 2011 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) disse hoje em Fátima que o país se encontra na “iminência de alguma conflitualidade social” e que “muita gente não aguenta mais”.

Falando aos jornalistas que acompanham a assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, o padre Lino Maia comentava o anúncio feito pelo primeiro-ministro, José Sócrates, terça-feira à noite, no qual este afirmou que o Governo conseguiu um “bom acordo” com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia (CE) e Banco Central Europeu (BCE), tendo em vista o programa de ajuda financeira a Portugal.

Lino Maia admitiu que esperava medidas “mais duras”, mas alerta que “faltam medidas para atenuar os efeitos sobre aqueles que serão mais atingidos”.

Numa “primeira impressão”, o presidente da CNIS lamentou a ausência de “medidas corretivas para apoiar aqueles que, de facto, são os mais pobres, os mais marginalizados”.

“Ele [José Sócrates] limitou-se apenas a dizer o que não era”, indicou, assinalando que “o país merecia um outro tipo de comunicação”.

“Quando o ouvi, parecia-me que estávamos outra vez a voltar ao país das maravilhas”, acrescentou Lino Maia, que se manifestou “absolutamente” a favor de uma “terapia da realidade”.

Este responsável declarou que “tem havido aumento de pedidos às instituições, de vária ordem, inclusive de compreensão, porque há muitas famílias que devido à crise, do desemprego, do endividamento excessivo, estão a não poder corresponder ao seu compromisso para com as instituições”.

A situação, assinala o presidente da CNIS, não se pode “eternizar” porque existem valências “muito em crise” que se arriscam a ter de fechar portas, particularmente no que diz respeito ao “apoio às crianças” e às “pessoas com deficiência”.

Uma porta-voz da Comissão Europeia indicou hoje em Bruxelas que a apresentação das grandes linhas do programa de assistência financeira acordado entre a ‘troika’ [FMI, CE e BCE] e o Governo só terá lugar após as discussões em curso com a oposição, em Portugal.

RM/OC

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