Afeganistão: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre prevê um «futuro negro» para a liberdade religiosa

Thomas Heine-Geldern assinala que talibans no poder é um «grande retrocesso para todos os direitos humanos»

 

Lisboa, 20 ago 2021 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) prevê um “futuro negro” para a liberdade religiosa no Afeganistão, com a chegada ao poder dos talibãs e a declaração de um Emirado Islâmico, anunciado esta quinta-feira através das redes sociais.

“A nossa análise, infelizmente, não deixa muito espaço para esperança. Todos aqueles que não abraçam as visões islâmicas extremistas dos Talibãs estão em perigo, até mesmo os sunitas moderados. Os xiitas (10%), a pequena comunidade cristã e todas as outras minorias religiosas, já ameaçadas, sofrerão uma opressão ainda maior”, refere o presidente executivo da AIS, numa nota enviada hoje à Agência.

Na informação divulgada pelo secretariado português da AIS, Thomas Heine-Geldern expressa preocupação com a tomada do poder pelos talibãs no Afeganistão e a declaração de um “Emirado Islâmico”.

A fundação pontifícia contextualiza que esta quinta-feira, 19 de agosto de 2021, o porta-voz dos Talibãs, Zabihullah Mujahid, declarou o país como ‘Emirado Islâmico do Afeganistão’, na sua conta oficial no Twitter, no dia do 102º aniversário da independência do domínio britânico.

“É um grande retrocesso para todos os direitos humanos e, principalmente, para a liberdade religiosa no país”, alerta Thomas Heine-Geldern.

A AIS pede à comunidade internacional que se manifeste em “defesa dos direitos humanos” de todos os cidadãos do Afeganistão, especialmente porque acreditam que a “liberdade religiosa será particularmente ameaçada”.

O presidente executivo da Ajuda à Igreja que Sofre observa que, “infelizmente”, vários países “apressaram-se” a declarar simpatia pelo novo emirado, o que legitimará os Talibãs mas também “dará um incentivo a outros regimes autoritários em todo o mundo”, especialmente nesta região, estimulando crescentes violações da liberdade religiosa nos seus próprios países e estão preocupados, por exemplo, com o “Paquistão, a Palestina e a província de Idlib na Síria”.

A Fundação AIS no seu mais recente Relatório sobre Liberdade Religiosa, publicado em abril deste ano, já previa a deterioração da situação no Afeganistão e contextualiza que, ao longo dos 22 anos de história deste documento, o país esteve “sempre entre os países que mais violam este direito fundamental”.

“Especialmente nos últimos três anos, o relatório destaca ataques repetidos e hediondos a locais de culto, líderes religiosos e fiéis”, acrescenta o responsável.

Os talibãs tomaram o controlo do Afeganistão e chegaram à capital Cabul no domingo, em menos de duas semanas após o início da retirada das tropas da coligação internacional encabeçada pelos Estados Unidos da América, depois de terem governado o país entre 1996 e 2001.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre informa que mais de 99,86% da população é muçulmana no Afeganistão – os sunitas representam o maior grupo e os xiitas são apenas 10% – entre os 0,14% que pertencem a outras religiões, há um número relativamente semelhante de hindus, bahais, budistas e cristãos, estando registados 200 católicos.

CB

 

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