Advento/Natal: Missionário Comboniano descobriu «a festa da luz» na Etiópia

Padre Joaquim Silva partilhou a redescoberta do verdadeiro sentido do Natal, “nu e cru”, onde não há tradição da celebração

Lisboa, 15 dez 2020 (Ecclesia) – O padre Joaquim Silva, Missionário Comboniano, esteve dez anos na Etiópia e partilhou com a Agência ECCLESIA a redescoberta do verdadeiro sentido do Natal, “nu e cru” e designado como a “festa da luz”.

“Ali conheci o Natal nu e cru, a mensagem foi fazermos um trabalho de reflexão pessoal, esta gente que nunca ouviu falar do nascimento de Jesus, como íamos falar?”, recorda o sacerdote.

Chegou à Etiópia em 2010 e, enquanto na capital o Natal era uma “festa estrangeira e celebrada para estrangeiros”, onde as “luzes de natal iluminavam os cafés e hotéis”, a missão junto do povo gumuz começava a falar da celebração do Natal. 

“Lá o Natal é celebrado na festa do Batismo do Senhor, que coincide com o agradecimento do fim das colheitas; o Natal era celebrado como o nascimento, no sentido da festa da luz mas nada parecido do que celebramos aqui”, explica. 

Foi com a chegada dos missionários junto das aldeias gumuz que o Natal passou a ser uma festa a celebrar, mas “não com luzes, nem neve, nem frio”. 

O padre Joaquim Silva destaca, no entanto, que ali o desafio foi trabalhar a “dimensão da luz de outra maneira e perceber que Deus é relação que vem e muda as relações”.

“Os símbolos essenciais que tínhamos era a luz, porque Jesus aparece como luz das nações e a dimensão da paz, e, no último Natal que lá celebrei foi muito forte a dimensão da fraternidade, porque o povo sempre foi segregado e marginalizado, ainda hoje, e a dimensão de família, de sermos iguais, foi muito importante trabalhá-la”, refere. 

O missionário refere que a dimensão natalícia passou a ser encarada com as imagens do presépio, que tiveram de explicar, e depois com as encenações e canções que faziam com as crianças da catequese falando do Natal.

“O presépio foi entrando como tradição e no meu segundo ano tínhamos um presépio em madeira pau preto e montámos uma aldeia do povo gumuz, não havia a poesia da celebração como aqui, mas havia a Noite Feliz cantada na sua língua”, recorda.

O missionário Comboniano, que vai mantendo contacto com a Etiópia, sabe que a situação não está fácil havendo “muita violência por ali, há lá guerrilhas, e mesmo entre eles, povo gumuz e o Natal deve tornar-nos mais humanos e mais fraternos”. 

A entrevista completa vai ser emitida hoje no programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45. 

SN

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