Ad limina, um ano depois

Em Novembro de 2007, os bispos portugueses foram ao Vaticano. 12 meses depois, o que mudou? Respostas dos bispos de Norte a Sul do país Em Novembro de 2007, os bispos portugueses realizaram a visita «Ad Limina». Levaram as realidades diocesanas a Bento XVI e trouxeram directivas do sucessor de Pedro. Passado um ano, a Agência ECCLESIA contactou alguns pastores para saber que alterações foram introduzidas nas dioceses. No alto Minho, D. José Pedreira, bispo de Viana do Castelo, referiu que o programa diocesano está “cen-trado na evangelização, mas já estaria mesmo que Bento XVI não tivesse feito referência a esta questão”. Com um projecto pastoral para três anos, a diocese de Viana contempla “tudo o que Bento XVI disse e que nós já antes tínhamos pensado”. A vaga de fundo é a evangelização, mas “não quer dizer que a sacramentalização seja colocada de parte”. Em pleno Ano Paulino, a “Palavra de Deus em S. Paulo ganha destaque” e, no terreno, “apostamos na família”. Os sacramentos da iniciação cristã “terão um tratamento especial no aspecto for-mativo” – sublinhou D. José Pedreira. Bento XVI reforçou as preocupações existentes Mais a Sul, na diocese do Mondego, D. Albino Cleto salienta que o plano pastoral da diocese de Coimbra “tem em conta o que Bento XVI nos disse: inter-comunhão entre os arciprestados e integração dos leigos”. E completa: “se o fizermos estamos bem”. Aquando do encontro com Bento XVI, D. Albino Cleto salientou que o Papa mostrou-se “muito interessado” pela Pastoral Universitária da diocese de Coimbra e “na preparação dos futuros responsáveis de Portugal”. Numa sociedade onde o consumismo ocupa lugar de destaque, esta instituição de ensino “tem um papel muito importante na formação das novas gerações”. A Pastoral Universitária desta diocese tem um novo coordenador – substituiu D. João Lavrador – e “é uma oportunidade para uma nova etapa”. Com nove ilhas, no arquipélago dos Açores “não houve uma mudança significativa” depois da Visita Ad Limina. D. António Sousa Braga afirmou que na programação pastoral “insistimos nalguns pontos que Bento XVI citou e nós já vínhamos tratando”. O discurso do Papa “deu-nos uma nova motivação”. Nos Açores, a maioria das paróquias tem um Conselho Pastoral, mas “estamos a insistir muito no Conselho Pastoral de Ilha ou Ouvidoria” – declarou o bispo dos Açores. Devido às contingências geográficas, “não temos possibilidade de reunir todos os anos o Conselho Pastoral diocesano”. Na diocese de Aveiro “procurámos viver este ano como tempo de reflexão”. D. António Francisco disse que “levámos a mensagem de Bento XVI ao centro da reflexão das várias instâncias da vida diocesana: conselho de presbíteros, conselho de diáconos, movimentos de leigos e conselho pastoral”. No passado mês de Outubro, o bispo de Aveiro propôs à diocese uma plano pastoral para os próximos cinco anos. “Nele temos em conta as palavras do Papa e a memória que queremos viver com dignidade, a celebração dos 75 anos da restauração da diocese” – sublinhou. O discurso de Bento XVI aos bispos portugueses “veio reforçar uma linha que já estávamos a seguir” – admitiu D. Manuel Pelino, bispo de Santarém. E exemplifica: “As dioceses já apostavam na pedagogia catecumenal”. O “recado do Papa” foi fruto dos relatórios que as dioceses apresentaram e que “indicavam as prioridades que estavam a seguir” – disse. Mais do que “novidade”, Bento XVI reforçou “preocupações que já tínhamos”. Um ano após a visita Ad Limina, D. Manuel Pelino realça que “a Igreja não é uma comunidade sociológica onde podemos medir os indicadores”. A diocese de Santarém desencadeia “muitas iniciativas”, mas “não consigo descortinar os frutos de um ano para o outro”. Situada no interior do país, a diocese de Lamego teve “em atenção” as palavras de Bento XVI. Uma mensagem de D. Jacinto Botelho, a propósito dos 50 anos de ordenação presbiteral, invoca o testemunho de S. Paulo porque “é uma forma de concretizar a vontade do Papa”. Os sacramentos da iniciação cristã são “um ponto que temos em atenção”. O Secretariado da Juventude procura “estar atento aos jovens que fazem o crisma”. Dificuldades para implementar Quando se realizou a visita «Ad Limina», D. Manuel Clemente estava nas terras do Douro há alguns meses. Passado um ano deste acontecimento, o bispo do Porto recorda a “boa experiência colegial que ela representou, no encontro dos bispos portugueses com o Santo Padre e os que o ajudam no desempenho do seu ministério petrino”. E sublinha que “valeu e vale o reforço das palavras do Papa à nossa preocupação com os difíceis caminhos da iniciação cristã nesta pós-cristandade em que vivemos”. E conclui: “Esforçamo-nos todos por acertar e foi bom sermos confirmados nesse sentido”. Com uma diocese que tem fronteiras com a Galiza e as águas algarvias, D. Januário Torgal Ferreira recorda que a “formação é uma prioridade na sua diocese”. Bento XVI fez referência às “novas mentalidades ao ritmo do II Concílio” e, no Ordinariato Castrense “continua-se a batalhar neste propósito”. O trabalho pastoral nas comunidades militares “é difícil” porque “não há um espaço conquistado pelos respectivos capelães”. Na diocese mais alta de Portugal, Guarda, o discurso de Bento XVI foi objecto de reflexão dos agentes de pastoral. “A iniciação cristã e a educação transversal em todas as idades tem sido a principal preocupação da diocese da Guarda” – confidenciou D. Manuel Felício. Todavia, “tenho encontrado muitas dificuldades em levar esta mensagem aos cristãos” – lamentou o bispo da Guarda. Apesar das dificuldades, “o aprofundamento da fé terá de ser a prioridade número um”. Na região sadina, a mensagem do Papa aos bispos portugueses já “era uma preocupação da diocese”. D. Gilberto Reis referiu que “na Igreja não há alterações bruscas”, mas “a mensagem do Papa veio “reforçar o esforço de melhorar a iniciação cristã”. A palavra de Bento XVI “veio ao nosso encontro” – conclui.

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