Especial: Vigararia de Alcobaça-Nazaré dinamizou missão jovem no ponto mais alto de Portugal (C/fotos)

Ilha do Pico foi destino de 26 jovens em serviço de evangelização e confraternização

Lisboa, 12 ago 2018 (Ecclesia) – A Vigararia Alcobaça-Nazaré, no Patriarcado de Lisboa, levou 26 jovens em missão à ilha açoriana do Pico, Diocese de Angra, num programa com Eucaristia no ponto mais alto de Portugal, “arruadas” e uma Missão porta a porta.

“Partilhavam imensas coisas connosco mas também, muitas vezes, silêncio e não nos sentimos desconfortáveis. Foi importante, chorarmos com elas, vivermos as dores. Foi onde conseguimos contactar melhor com elas, escutarmos mais”, explicou Andreia Silva.

Em declarações à Agência ECCLESIA, a animadora de um grupo de jovens disse que a ‘missão porta a porta à Divina Providência’ foi o que a “tocou mais” porque os participantes encontraram uma “população mais envelhecida e mais sozinha”, numa zona com muitos emigrantes.

Laura Costa acrescentou que são pessoas que “só precisam de cinco ou 10 minutos de atenção”, isso fez com que “a missão fosse mais intensa”.

A jovem universitária, que participou nas três missões da Vigararia de Alcobaça-Nazaré, comentou que esta experiência “foi nova” no programa e conta que “não se abriram todas as portas”.

A missão porta a porta também é sermos rejeitados, nem todas as pessoas estão dispostas a partilhar sua vida”, acrescentou Laura Costa, destacando, contudo, o facto de muitas pessoas acolherem e “partilharem a vida com quem nunca tinham visto”.

Já a estreante Raquel Martins sentiu que puderam “estar mais presentes na vida dessas pessoas”, nesse “contacto mais direto” de “partilha de experiências”, e “a presença de Deus”.

Na ‘Missão porta a porta à Divina Providência’ os jovens partiram dois a dois sem dinheiro, sem o telemóvel e sem comida, por isso, o programa avisava que podia ser um dia de jejum e “uma que não teve almoço”, adiantou o padre Francisco Rodrigues.

Andreia Silva revela que havia pessoas que ofereciam dinheiro, que não aceitavam, e teve de rejeitar três almoços, “foi comida em abundância”, até que almoçaram numa casa onde a pessoa “estava muito preocupada” com os outros jovens, acabando por dar comida a mais dois e “não se cansou enquanto não encontrou os outros, ligou para as pessoas da aldeia”.

“Ver este espírito operar pelo meio de nós e a tocar os outros é alegria brutal, ganhámos confiança enorme com o povo e no nosso próprio Deus que nos confia, envia, leva ao outro”, disse António José, seminarista do Patriarcado de Lisboa.

Missão Vicarial Juvenil da Vigararia Alcobaça Nazaré: Da origem à Ilha do Pico

A 3.ª Missão Vicarial Juvenil da Vigararia Alcobaça Nazaré teve como tema ‘Onde Deus Te Levar’, entre 30 de julho a 8 de agosto.

“Quisemos sobretudo descomplicar o ser cristão, e voltarmos à base, que é o que se pretende, voltar à vivência dos primeiros cristãos. Foi importante para dar novo impulso na evangelização”, explicou o pároco de Turquel e de Évora de Alcobaça, que quando chegou, em 2013, ficou responsável pela pastoral juvenil da Vigararia Alcobaça-Nazaré.

Neste contexto, o padre Ivo Santos revela que sentiu “necessidade de criar atividades de cariz missionário”, que “é um bocadinho voltar à experiência dos primeiros discípulos”, e surgiu a missão vicarial, que já se realizou em Óbidos e na zona de Cascais.

O convite para os jovens evangelizarem nas Paróquias de São Caetano e de São João, da Diocese de Angra, surgiu do padre Francisco Rodrigues que, em 2017, esteve na região do Patriarcado de Lisboa numa missão dois a dois, do Caminho Neocatecumenal.

“Todos sabiam quem eram estes jovens e foi impressionante ver como a receção manifestou-se em toda a ilha, conseguiram marcar, a missão estendeu-se a toda a ilha sem ser impositiva”, revela o sacerdote.

Neste âmbito, o padre Francisco Rodrigues revela que a presença dos jovens “ajudou a despertar” famílias e jovens das suas duas comunidades “para a fé” e como “é possível mesmo vindo de longe mostrar o amor de Deus”.

A população das Paróquias de São Caetano e de São João é mais envelhecida mas “despertou vontade e desejo” dos jovens que existem “participarem numa missão” e “foi importantíssimo” porque “houve intercambio, convívio e partilha de crises, de fé”.

«A tua missão vai abraçar/
Segue para onde Ele te levar» (Hino Missão Pico’18)

Para além do Pico, o grupo esteve noutras ilhas, num programa diversificado com momentos de convívio, celebrações, vigílias de oração, contacto com a população, visita aos enfermos e destacou-se também a subida à montanha que é o ponto mais alto de Portugal (2351 metros de altitude).

“A subida e descida ao Pico disse-me muito como sentido da nossa vida, damos um passo e pensamos que estamos certos e caímos. A Eucaristia no cimo do Pico foi o ponto alto”, destacou a animadora do grupo de jovens da Paróquia de Évora de Alcobaça, Andreia Silva.

Uma opinião partilhada por Laura Costa, para quem celebrar “no topo do Pico, sem dúvida, foi algo que marcou”.

A jovem que participou na sua terceira missão vicarial observou que a subida ao topo de montada foi “complicada para algumas pessoas”, por algumas dificuldades físicas e também por ter sido realizada ainda de noite, mas em grupo iam-se “ajudado uns aos outros”.

“Vimos o nascer do sol e celebrar a Missa foi muito natural, sentados em rochas e olhar à volta e ver que conseguimos todos e uma paisagem espetacular marcou muito”, recordou.

Já Raquel Martins destaca outra atividade, a missão de rua que parecia uma “arruada” onde participou o grupo todo e nessa “dimensão em maior escala” conseguiram “despertar a atenção das pessoas”.

“Cantávamos bastante e as pessoas ficavam espantadas, admiradas com a nossa alegria, união, e entregávamos pagelas, falávamos com as pessoas – se iam à missa, se eram católicas, quando sentiam a presença de Deus na sua vida. Foi um momento que conseguimos partilhar a alegria de sermos cristãos”, desenvolveu, revelando (com risos) que até foram “confundidos com Testemunhas de Jeová” por causa da missão na rua.

Os jovens iam guiados com a cruz paroquial, davam o seu testemunho e mais uma vez ouviam a população, distribuíram pagelas e os dois sacerdotes davam a bênção.

Para o seminarista, que vai iniciar o ano Propedêutico, “toda esta experiência de missão foi marcante” pelas várias coisas que foram marcando o dia a dia e, “por coisa simples”, como um abraço que recebeu de um senhor e que “foi muito forte”, e que confirmou que “fazia sentido estar ali”, e não numa Peregrinação a Santiago de Compostela.

“Percebi que estou aqui por alguma razão e estas pessoas precisavam disto e nós também precisávamos. E neste aspeto é uma alegria enorme”, acrescentou António José.

Os jovens participaram também nas festas do Bom Jesus Milagroso onde encontraram o bispo auxiliar de Braga, D. Nuno Almeida, que presidiu às grandes celebrações da Ilha do Pico.

A Missão Vicarial Juvenil – Pico’18, da Vigararia Alcobaça Nazaré, mobilizou 26 jovens – grande parte das Paróquias de Turquel e de Évora de Alcobaça mas também participaram da Benedita, do Vimeiro, de Alcobaça e da Vestiaria – acompanhados pelo padre Ivo Santos.

Para a animadora Andreia Silva foi possível “conhecer os jovens de outra forma”, estar mais próxima deles e “mostrar ainda mais disponível”.

A missão continua: «Onde Deus Te Levar»

‘Onde Deus Te Levar’ foi o lema da missão que os confirmou jovens no seu percurso em Igreja e na sua vida.

Aos 18 anos e estando já no seminário, a missão foi para António José “foi um crescimento na confiança” com a “noção que é Deus quem guia e quem faz”, e, neste âmbito, recorda que rezou – “Olha Pai, leva-me, conduz-me” – quando contemplava uma imagem de São José a pegar na mão de Jesus.

Raquel Martins também tem 18 anos e vai para o ensino superior, para Psicologia, a experiência no Pico e o contacto com as pessoas “foi a confirmação do curso”, uma vez que sentiu “que era aquilo que Deus queria.

“Deus quer que tente não abandonar estas atividades”, acrescenta sobre o seu serviço na paróquia onde é acólita, “há nove anos”, este ano deu pela primeira vez Catequese”, mas a mudança para Coimbra ou para o Porto vai ser um “desafio de tentar arranjar tempo para servir”.

A estudante de Ciência e Tecnologia Animal, Laura Costa, revela que já foi catequista mas saiu quando foi para a Universidade de Évora e “se Deus quiser” volta a esse serviço.

“É ouvir os sinais que ele tem para me dar”, acrescenta a jovem de 20 anos.

Segundo o padre Ivo Santos a terceira missão vicarial foi uma “aprendizagem para a vida e vivência cristã”, numa experiência como as primeiras comunidades.

Sinto que entenderam isto, que serviu para mostrar o que Deus quer deles e tirar ideias feitas. Nesse sentido, disse que esperamos que continuem em missão e ao serviço das comunidades, que projetem missões com os amigos e jovens”.

Os dois sacerdotes, que também viveram a experiência da missão porta-a-porta onde nada levaram consigo, adiantaram que vão começar a preparar a próxima atividade, para 2019, desde vez com jovens das duas dioceses.

CB/OC

 

 

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