«Depois dos fenómenos inesperados da segunda década do século atual, aprendemos a dar valor ao que somos e temos, pelo que perdemos» – Cónego Hélder Fonseca Mendes
Angra do Heroísmo, Açores, 20 mai 2022 (Ecclesia) – O administrador diocesano de Angra enviou uma mensagem aos peregrinos das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, onde assinala que as pessoas aprenderam “a dar valor” ao que são e têm, por causa da pandemia e da guerra.
“Depois dos fenómenos inesperados da segunda década do século atual, aprendemos a dar valor ao que somos e temos, pelo que perdemos. A pandemia e a guerra, fenómenos que julgávamos arcaicos e ultrapassados, de consequências nefastas de longo alcance, já vistas e ainda desconhecidas, estão aí na dureza da realidade e dos seus efeitos”, escreve o cónego Hélder Fonseca Mendes, na mensagem enviada à Agência ECCLESIA.
As “grandes festas” do Senhor Santo Cristo dos Milagres começam hoje e terminam na segunda-feira, dia 23 de maio, no Convento de Nossa Senhora da Esperança, junto ao Campo de São Francisco e da igreja de São José, em Ponta Delgada, e vão ser presididas pelo cardeal D. José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Sé.
“Será tudo igual na tradição, diferente na originalidade de cada tempo, um encontro sempre novo para as crianças que agora despertam, para os jovens que com paixão sonham, para as famílias que nestes dias fortalecem os laços de comunhão, para os idosos e doentes, que se revêm na bondade, paciência e doação do Senhor Santo Cristo”, desenvolve o administrador diocesano de Angra.
Na mensagem e saudação aos peregrinos do Senhor Santo Cristo dos Milagres, o cónego Hélder Fonseca Mendes assinala que, a partir de agora, “nada está adquirido, como sempre foi”.
“A decisão ética e o imperativo da fé não fazem parte de um progresso garantido sempre crescente, linear ou de uma conquista vitalícia. A fé em Cristo é uma decisão sempre renovada em cada sujeito e em cada geração”, acrescenta.
Segundo o responsável diocesano, a fé cristã, e a moral evangélica que dela emana, “não pretende atingir a perfeição”, de seres humanos perfeitos, sem defeitos, mas “é feita de fecundidade, de frutos bons, de lutas e de cansaços, de esterilidades vencidas e rugas expostas”, como a velha árvore do Campo de São Francisco que é capaz de se doar toda e que ainda abriga e conforta.
“Bem-vindo Senhor Santo Cristo, bem-vindos à experiência única do encontro deste ano”, conclui o administrador diocesano de Angra na mensagem onde saúda todos os peregrinos que, “de longe e de perto, ocorrem ao mais antigo santuário diocesano dos Açores”.
As Festas do Senhor Santo Cristo regressam hoje após a suspensão nos últimos dois anos, devido à pandemia de Covid-19, e a imagem vai estrear uma capa que foi oferecida por um casal natural da Ribeira Grande que vive nos Estados Unidos da América.
Celebrado há mais de três séculos em Ponta Delgada, o culto ao ‘Ecce Homo’ terá começado no Convento da Caloura, em Água de Pau, concelho da Lagoa, São Miguel, passando depois para outras ilhas e para os principais destinos da emigração açoriana.
CB