Açores: Diocese de Angra debateu futuro da família

Crise económica, baixa natalidade e perda da noção de compromisso são elementos de uma equação que ameaça a célula base da sociedade

Angra do Heroísmo, Açores, 16 mai 2014 (Ecclesia) – O futuro da família esteve em debate esta quinta-feira em Ponta Delgada, nos Açores, num colóquio promovido pela Diocese de Angra que evidenciou a necessidade de mais apoios sociais aos agregados e de políticas de incentivo à natalidade.

De acordo com informações avançadas pelo gabinete informativo da Diocese de Angra, o diretor do Serviço da Pastoral da Família, padre José Constância, apontou que a taxa de novos nascimentos em Portugal “é baixa” porque também existem fatores “materiais” que impedem “a inversão” do problema.

No Dia Internacional da Família, o sacerdote sublinhou que são necessárias alternativas que permitam às famílias desempenharem o seu papel “na construção de uma cultura de encontro e de partilha que valorize a vida em todas as suas fases”´.

Pegando nestas deixas, a eurodeputada Maria Patrão Neves, professora universitária e especialista em bioética, lembrou que a crise da família não foi potenciada apenas pela recente crise económica.

Em causa está também uma cultura onde as “prioridades” estão “invertidas”, ou seja, onde o casamento e os filhos não fazem parte dos projetos de vida de muitas pessoas.

“Hoje o fazer ser da vida humana está francamente em causa em todo o mundo ocidental com taxas de natalidade claramente insuficientes para promover a renovação de gerações”, sublinhou Maria Patrão Neves.

Atualmente, avançou a eurodeputada, a taxa de natalidade em Portugal é de 1,3 filhos por casal quando deveria ser 2,1.

Para aquela responsável, o Governo tem a responsabilidade de definir uma estratégia que estimule mais nascimentos, através da concessão de “isenções fiscais” para as famílias numerosas ou outras medidas, por exemplo de “flexibilização laboral”.

A socióloga Piedade Lalanda defendeu que a perda progressiva de protagonismo da família, enquanto célula base da sociedade, está também relacionada com a perda da noção de “compromisso”.

Entre os dados que suportam este ponto na região dos Açores, estão estatísticas que apontam para “o crescimento do número de famílias monoparentais, que em 2011 rondava os 15 por cento (acima da média nacional) ” e o “número crescente” de divórcios, sobretudo em “casamentos com menos de 10 anos”.

“O ponto central desta problemática é o compromisso e quando ele se rejeita tudo fica muito instável. O compromisso pressupõe diretos e deveres e as pessoas têm de os assumir em toda a sua extensão. Se não fazem ou não estão disponíveis para o fazer toda a estrutura abala”, conclui.

O colóquio organizado pela Diocese de Angra está incluído no programa da Semana da Vida nos Açores, que prossegue esta sexta-feira com uma conferência intitulada “Celebrar a vida”, que mobilizará todos os serviços da Diocese de Angra que atuam nas áreas da família e da saúde.

GIDA/JCP

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