Cardeal defende que tudo deve ser feito pelo «reconhecimento da verdade»
Fátima, 12 out 2021 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto disse hoje em Fátima que a Igreja deve agir sem “contemplações” nos casos de abusos sexuais de menores.
“Não há contemplações neste campo. Todas as ações que tiverem de ser feitas para o reconhecimento da verdade deverão ser feitas”, referiu o bispo de Leiria-Fátima, em conferência de imprensa, no lançamento da peregrinação internacional de outubro, na Cova da Iria.
O responsável católico sustentou que todas as denúncias devem ser “imediatamente comunicadas às autoridades judiciais”, por considerar que estas têm “meios, recursos, para investigar e chegar ao apuramento da verdade, muito melhor e mais rapidamente”.
“É preciso que as pessoas que se sentem vítimas, seja no presente, seja no passado, façam ouvir a sua voz”, prosseguiu.
O cardeal português aludiu aos resultados da recente investigação que decorreu em França, afirmando que a mesma revelou dados que “cobrem de vergonha” a Igreja Católica.
“Eu faço os meus os sentimentos e minhas as palavras do próprio Papa Francisco: a dor, tristeza, a vergonha”, indicou.
Para D. António Marto, este é um momento de “luto” para a Igreja Católica.
“Luto para interiorizar tudo o que significa esta chaga no coração da Igreja e também para olhar para o futuro, com olhar novo”, explicou.
O responsável falou numa tarega “árdua”, que implica “reconstruir a dignidade e a esperança num novo caminho”.
“A Igreja está disposta a olhar e a realizar com determinação todos os esforços necessários para pôr fim a estes dramas, a esta chaga que a atingiu profundamente”, observou.
O bispo de Leiria-Fátima pediu que haja cuidado com as vítimas, oferecendo-lhes apoio, e promovendo uma “atitude preventiva”.
Dados divulgados em Paris, a 5 de outubro, após dois anos e meio de investigação de uma comissão independente, estimam 2900 a 3200 o número de padres e religiosos envolvidos em crimes de abusos sexuais de menores na França entre 1950 e 2020.
PR/OC