A solidariedade em Português

No lançamento oficial do Secretariado Nacional da Ajuda à Igreja que Sofre, a 12 de Outubro de 1995, durante uma conferência de imprensa na Universidade Católica Portuguesa, do presidente do Conselho Nacional de então, o Padre Luís Rocha e Melo, S.J., afirmou ser propósito da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre contribuir para aproximar a Igreja portuguesa de todas as Igrejas lusófonas. Celebravam-se os 500 anos da evangelização iniciada pelos missionários portugueses. Desde o seu início, a Fundação pretendeu estar atenta às carências das Igrejas e comunidades cristãs do mundo lusófono. Num acto simbólico, uma delegação de 50 timorenses recebeu, no aeroporto de Lisboa, o Padre Werenfried e a delegação internacional da Ajuda à Igreja que Sofre que veio inaugurar a secção portuguesa da organização. Um gesto de agradecimento em reconhecimento do apoio recebido da organização, desde 1985, pela Diocese de Díli. A primeira campanha nacional de solidariedade da Fundação destinou-se precisamente a recolher fundos para projectos de apoio aos refugiados timorenses que viviam em condições muito difíceis em Portugal. “Temos uma comunidade que vive no nosso país e que sofre imensas carências, temos de os ajudar de alguma maneira”, alertava do secretariado nacional, Paulo Bernardino. Seguiu-se Angola, respondendo a um pedido do Bispo de Benguela que pediu ajuda para adquirir livros para a biblioteca de Teologia do Seminário. No mesmo ano, a Fundação suportou também as obras de ampliação do seminário inter-diocesano de Nampula. Em 2002, após uma visita de responsáveis da organização a Angola a convite da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), a Fundação assumiu, parcialmente, a manutenção de alguns seminários angolanos, promovendo uma campanha nacional de angariação de donativos para esse objectivo. Em África, a organização apoiou, entre outros, o Seminário Filosófico e Teológico de Benguela, o Seminário Propedêutico de Kwito-Bié, o Seminário Propedêutico de Malange. Em 2001, de acordo com o relatório de contas da Ajuda à Igreja que Sofre, a organização atribuiu, a nível internacional, cerca de 5 milhões de euros para projectos pastorais nos PALOP, sendo a maior fatia destinada ao Brasil, seguido de Moçambique. No Brasil, foram já distribuídos 9 milhões da Bíblia para as Crianças, um livro editado pela organização e que é utilizado particularmente pelas comunidades e congregações religiosas que trabalham junto dos mais desfavorecidos e marginalizados. “O trabalho dos sacerdotes, dos leigos e das religiosas é de fulcral importância, dado os problemas sociais no Brasil”, refere José Correa, director do secretariado brasileiro da Ajuda à Igreja que Sofre, para quem a Bíblia para as Crianças “é uma grande ajuda nesse trabalho”. Para Moçambique foram canalizadas ajudas de emergência para ajudar à reconstrução após as calamidades naturais que devastaram as províncias da Beira, Inhambane e Xai-Xai no Inverno de 2000. Um dos maiores projectos de apoio da Fundação nos PALOP’s foi o financiamento da construção do Seminário da Beira, cuja construção tinha sido iniciada em 1999, sofrendo, contudo, várias interrupções devidas à falta de meios financeiros. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre acolheu este projecto de D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, e do Reitor do Seminário, o Pe. Jesus Bravo. O Seminário Propedêutico Bom Pastor foi inaugurado a 18 de Maio de 2003. Nele são formados, actualmente, cerca de uma centena de seminaristas. Em 2004, respondendo a um apelo do Bispo de São Tomé e Príncipe, D. Abílio Ribas, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre financiou a construção e equipamento dos estúdios da futura Rádio Jubilar. O desenvolvimento de uma rádio católica, em São Tomé e Príncipe, irá permitir, segundo o prelado santomense “chegar à população que não frequenta a Igreja ou por falta de motivação ou pela distância, ou porque nós, missionários, por variadas e válidas razões, não vamos até ela”. A missão da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre é também ir onde está a Igreja. Contribuir para criar pontes entre as Igrejas lusófonas e dar resposta às suas carências, unindo pela solidariedade benfeitores e beneficiados que falam português. Como escreveu em carta de agradecimento pelo apoio da Obra, D. Paulo Ponte, Bispo de S. Luís do Maranhão (Brasil): “Temos consciência que sem a graça de Deus, que se expressa na caridade e na partilha que une os cristãos em todo o mundo, nada disto seria possível”. David Silva Departamento de Informação da FAIS

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