A ponte para a total dignidade humana em Cristo

O fundador da Ajuda à Igreja que Sofre, o Padre Werenfried van Straaten, disse uma vez: “Os direitos humanos não foram inventados pelas Nações Unidas. Também não provêm do Iluminismo. Foram dados por Deus.“ Com esta palavras, ele exprimiu alegoricamente o que várias doutrinas religiosas já tinham tentado explicar. Tomás de Aquino viu na personalidade do homem, na sua concepção como um ser espiritual, em virtude da qual ele é senhor dos seus próprios actos, a razão pela qual Deus dispõe de nós com uma grande veneração. Mas Tomás também pergunta: Como é que a personalidade pode ser a última razão, uma vez que até ela própria não se baseia em si mesma? A resposta: o homem tem direitos inalienáveis, porque foi criado como pessoa através da imposição divina, ou seja, livre de toda a discussão humana. O Homem tem, por último, direito a algo inalienável, porque ele é “criatura“ e, como tal, o homem tem a obrigação absoluta de dar ao próximo o que lhe pertence. Kant proferiu esta correlação de factos da seguinte forma: temos um dirigente sagrado e o que Ele deu aos homens como sagrado é o direito dos homens. Romano Guardini descreveu a dignidade do homem e a sua personalidade numa pequena publicação sobre o direito da vida humana por nascer: “De um modo geral, não depende da idade, nem do estado físico-mental, nem do talento, mas da alma espiritual que reside em cada indivíduo. A personalidade pode ser inconsciente, como quando se dorme, mas, mesmo assim, ela está lá e tem de ser tida em consideração. Pode não estar desenvolvida como numa criança, mas, mesmo assim, requer já a protecção moral. Até pode acontecer que nem venha a actuar, porque lhe faltam as condições físicas e psíquicas para tal, como acontece com os doentes mentais ou os idiotas. Mas o homem civilizado distingue-se do bárbaro pelo facto de a respeitar também neste velamento. Ela também pode estar oculta como no embrião, mas já lá está depositada e tem o seu direito. Esta personalidade dá ao homem a sua dignidade…. O respeito pelo homem como pessoa faz parte das exigências que não devem ser discutidas. A dignidade, mas também a caridade e, de forma definitiva, até a existência da humanidade dependem da condição de tal não acontecer. Se ela, a dignidade, for questionada, tudo resvala para a barbaridade.“ O Padre Werenfried trabalhava contra esta barbaridade com projectos concretos. A sua ajuda teve sempre um carácter pastoral, porque ela devia e deve continuar a fortalecer a dignidade do homem e, desta forma, a sua relação com Deus, o Criador. O Padre Werenfried exprimiu isto desta forma: “Porque Deus nos destinou para sermos semelhantes à imagem do Seu Filho, a nossa missão mais importante é repetir a vida de Cristo“. Isto acontece na evangelização ou em estádios que a precedem. Como por exemplo, na formação de padres, na qual a “Ajuda à Igreja que Sofre“ coloca à disposição de seminaristas, diáconos e religiosos os meios e os espaços sagrados necessários. Isto acontece através da ajuda que é, não raramente, uma ajuda à subsistência de irmãs, que possibilitam uma vida com dignidade a outras pessoas. Isto acontece através da Palavra do Evangelho sob a forma da Bíblia para as crianças ou do catecismo, sobretudo em regiões em que este livro é o único numa família e as pessoas também aprendem a ler e a escrever com esta Palavra. Isto acontece também através da ajuda de escolas católicas em regiões marcadamente islâmicas, uma vez que são locais da reconciliação. Acontece em todo o lado onde esta organização de auxílio reconhece o rosto do Cristo sofredor nas dores e no sofrimento da Igreja e dos fiéis. A Ajuda à Igreja que Sofre“, ao atenuar estas dores e ao “secar as lágrimas de Deus“ (Padre Werenfried), estabelece novamente o respeito pelo direito dos fiéis enquanto criaturas de Deus e serve a dignidade do Homem. Mas não se trata apenas da dignidade das vítimas e dos que sofrem. O Padre Werenfried chamou frequentemente a atenção para o facto de também ser missão da “Ajuda à Igreja que Sofre“ informar sobre o sofrimento de cristãos e, desta forma, mostrar aos benfeitores meios concretos do amor ao próximo. Isto fortalece a comunidade dos fiéis e permite, ao mesmo tempo, aos benfeitores crescerem na dignidade dos Filhos de Deus através da prática do amor. Também isto é serviço pastoral. Quem dá de forma altruísta, ama. E, desta forma, assemelha-se a Cristo. O Padre Werenfried diz assim: “O objectivo de todos os nossos esforços tem de ser formar santos, mulheres e homens que vivem realmente para Deus e para o próximo, que seguem de forma coerente o Bom Mandamento de Jesus: amai-vos uns aos outros! Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros“: Isto tanto diz respeito a dadores como a contemplados, a benfeitores como a beneficiários da ajuda. A “Ajuda à Igreja que Sofre“ é a ponte pastoral entre eles, é uma ponte para a total dignidade do Homem em Cristo. Jürgen Liminski, Departamento de Informação AIS – Königstein

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