A Pastoral como resposta ao amor divino

Intervenção Arcebispo Primaz de Braga na reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral A Igreja Universal está vivendo no ritmo delineado pelo Papa Bento XVI na Sua carta Encíclica “Deus Caritas est”. Também nós queremos corresponder e entrar na cadência que ela está a impor como novidade. As últimas palavras da introdução desejam “um renovado dinamismo de empenhamento na resposta humana ao amor divino”. Quero colocar este Conselho Diocesano perante este programa que desenvolvo em cinco ideias. 1 – Dinamismo. Possuída pelo Espírito a Igreja não tolera passividade inerte. Não se trata de agitação motivada por ventos da moda. Esta pode significar inconsistência doutrinal que ocupa mas não edifica. Importa deixar-se conduzir e saber que há uma força que não permite que cruzemos os braços ou assistamos passivamente à história. 2 – Renovado. Há quem se contente em repetir o sopro do Espírito sobre “onde” e “como” quer. Não somos agentes anquilosados e defensores do imutável. Os ventos são novos e não podemos permanecer insensíveis. 3 – Empenhamento. Gostaria de poder afirmar que o trabalho eclesial de índole monocorde já está ultrapassado. Infelizmente, o número dos empenhados ainda se situa a nível de pouca consideração. Empenhar-se e empenhar torna-se o caminho e a reorganização deste Conselho. A partir dos Departamentos deveria ser sinónimo duma vontade que parte do centro para chegar aos lugares mais recônditos de toda a diocese. Antigamente cantava-se: “Há caminhos não andados que esperam por alguém”. A catequese, a liturgia, a acção social não acontece só diante dos espaços que os nossos olhos conseguem descortinar. Existem lugares “inóspitos” onde ainda não chegou o desejo da renovação. São nossos. Importa, porém, consciencializar-se da urgência do empenhamento noutros ambientes. Como chegar a determinadas áreas constitutivas da vida moderna sem o vosso empenhamento? Há mundos que esperam uma resposta, talvez sem o saber. Não pode ser frase feita o dizer que teremos de ultrapassar o ambiente da sacristia. A arte, música, turismo, saúde, ecologia, igualdade das pessoas, trabalho, habitação… continuai o elenco e conclui dizendo que há sempre surpresas. 4 – Resposta humana. A pastoral não pode ser estereotipada feita de soluções já encontradas e repetidas. Precisamos de discernir as respostas aos problemas reais e isto como humano que os experimentam e sofrem com eles. Pode faltar-nos o humanismo da atenção de quem quer conhecer e estar por dentro. Tudo o que é humano deve ser redimido e Cristo, no seu tempo, usou linguagens e símbolos para os judeus, vindos duma cultura helénica e em confronto com a romana. Sei que não é fácil conhecer a cultura moderna. Trata-se duma maravilha pois estamos sempre a querer intuir e inquietar-se com o que “vemos e vimos e não podemos ignorar”. 5 – Ao amor divino. Eis a fonte e a originalidade. Ao acreditar no amor de Deus estamos a reconhecer que é este que teremos de oferecer ao homem moderno. Ele tem tudo. Que lhe poderemos dar de original e diferente? Corresponder ao amor de Deus, mostrar algo que falta e está disperso na natureza e na técnica da evolução. Precisamos de compreender os seus verdadeiros contornos tornando-nos contemplativos através duma paixão pela Palavra de Deus. Eis o nosso programa. Está tudo aqui. Descodifiquemos. Anunciemos. Este amor divino conduz a família humana como prolongamento da divina. Somos Igreja – família a partir de famílias. Aqui está outra prioridade. Conhecemos o egoísmo do homem moderno. A família é o local de treino e o farol anunciador do amor de Deus. Perdendo as famílias erramos o alvo. Daí deve partir a educação e a co-responsabilidade. E, sabemo-lo muito bem, o Minho tem um substrato familiar que está a ser minado. Só salvando e co-responsabilizando a família, poderemos acreditar que é possível salvar o mundo. Conclusão: Quis traçar, brevemente, o perfil do Conselho Diocesano de Pastoral. Resta-me acreditar e esperar que cada um vai sentir alegria em servir a Pastoral Arquidiocesana: – Aqui: participando, lançando interpelações e sugerindo linhas de rumo; – Em casa: investindo numa formação pessoal, reflectindo sobre toda a pastoral, dialogando com muita gente sobre os assuntos; – Nos Departamentos/ Arciprestados: apostando na alegria de anunciar um Cristo companheiro das nossas alegrias e perplexidades e verdadeira resposta às interrogações. Maria nos conceda o dom de reconhecer que o Conselho Pastoral não só não é uma estrutura inútil mas consegue pautar o ritmo da vida Arquidiocesana com propostas e dinamismos nossos. + Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo Primaz

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