A Igreja precisa de criar e alimentar uma fantasia de procura

Sublinha o Bispo do Porto na abertura do ano lectivo no Centro de Cultura Católica No passado dia 22 de Outubro realizou-se a sessão solene de abertura do ano lectivo 2005/2006 no Centro de Cultura Católica do Porto. Contou com a presença de D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, de Monsenhor José António Godinho de Lima, vigário-geral, de vários professores e alunos e de outras pessoas que por proximidade ao Centro ou ao tema da comunicação se quiseram associar. A sessão abriu com o Veni Creator Spiritus, executado pela Coro da Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos, dirigido pelo P. Agostinho Pedroso. Seguiram-se algumas palavras de acolhimento a cargo do P. Adélio Abreu, director do Centro. Depois de saudar o bispo diocesano e todos os presentes, coube-lhe evocar os quarenta e um anos do Centro na resposta à missão de irradiar a cultura católica e formar o laicado diocesano, para logo após situar essa missão no presente a partir do lema Fazer resplandecer hoje a luz de Cristo, escolhido a partir das palavras de Bento XVI aos cardeais no dia seguinte à sua eleição pontifícia. A este propósito e referindo-se ao papel do Centro, o director disse que «a centralidade de Jesus Cristo, Luz do mundo e horizonte de esperança para a humanidade nesta aurora de novo milénio pode também mover os nossos esforços no sentido da redescoberta das razões da nossa fé nas vicissitudes do nosso tempo». Características do Centro de Cultura Católica As palavras iniciais serviram também para apresentar a realidade do Centro, que actualmente conta com 25 professores e 134 alunos distribuídos pelos diferentes cursos: Básico de Teologia; Complementar de Formação de Catequistas; Música Litúrgica (Preparatório, Geral e Salmistas); Acólitos; Leitores; Animadores das Celebrações Dominicais na Ausência do Presbítero; Pastoral da Saúde. Aludindo à carência de alunos que se vem fazendo sentir nalguns cursos e ao reduzido aproveitamento das comunidades diocesanas pelo envio de alguns dos membros para se formarem no Centro, agradeceu a cooperação dos vários secretariados diocesanos com as actividades do Centro e apresentou os alunos que no ano passado concluíram os seus estudos. Seguiu-se uma comunicação do P. João Ribeiro, director dos Secretariados Diocesanos da Educação Cristã e do Ensino da Igrejas nas Escolas e professor no Centro, alusiva ao tema Eucaristia e Iniciação Cristã. A comunicação situou-se no âmbito da reformulação do Curso Complementar de Formação de Catequistas e do encerramento do ano dedicado à Eucaristia. Com interessante sistematização e capacidade de síntese, o orador começou por problematizar a relação entre catequese e Eucaristia dominical, evidenciando o movimento recíproco entre as duas realidades. Depois de distinguir o itinerário catecumenal (catequese baptismal) e o itinerário catequético (catequese pós-baptismal), tratou de definir a catequese e a sua finalidade, para destacar um conjunto de tarefas que lhe são inerentes: o conhecer a mensagem cristã; a educação litúrgica; a formação moral; o ensinar a orar; a educação para a vida comunitária e a iniciação à missão. Na segunda parte, o P. João Ribeiro centrou a sua abordagem nas linhas pedagógico-catequéticas para a iniciação à Eucaristia, numa dupla valência: a iniciação à existência eucarística, pela vivência da comunhão com Deus, com Cristo e em comunidade, e a iniciação à expressão eucarística, mediante a iniciação à expressão simbólica, à reunião, à comunicação e intercomunicação, à partilha e à mesa. Na terceira parte focou a dimensão catequética da Eucaristia, sublinhando a iniciação à fé na celebração eucarística através da espiritualidade, expressividade e beleza celebrativas, e a iniciação à fé a partir da Eucaristia, fazendo desta a fonte e o centro da vida cristã. Novos diplomados Logo após, o bispo do Porto entregou os diplomas aos alunos que concluíram os seus cursos no último ano lectivo. Foram eles: Benjamim Martins de Morais (Vila Nova da Telha), Fernando Alberto Alves da Silva (Rio Tinto), e Marina Silva Moreira (Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus), para o Curso Básico de Teologia; António Santos Tendais (Senhora da Conceição) e Fernando da Cruz Lopes (Válega), para o Curso de Animadores das Celebrações Dominicais na Ausência do Presbítero; António Abel Correia (Rio Tinto) e António Alberto Sousa Barbosa (Irivo), para o Curso de Acólitos; Serafim Martins da Silva (Real), para o Curso de Leitores; João Pedro dos Santos Veríssimo Lisboa Ferreira (Perafita), para o Curso de Animadores da Pastoral de Jovens. Continuar como fantasia a oferta de formação D. Armindo Lopes Coelho fez então uso da palavra para saudar cordialmente os presentes, para confirmar o seu interesse permanente pelo Centro de Cultura Católica e, evocando o tempo em que nele viveu, exprimir a paixão que nutre por ele. Conhecendo e sentindo a situação do Centro, sublinhou, contudo, a sua importância, necessidade e papel na diocese. As palavras pontifícias que presidiram à escolha do lema do ano, permitiram-lhe acrescentar à paixão por Cristo, luz para a Igreja e para a sociedade, a constatação realista de Bento XVI de que o tempo que se aproxima se caracterizará por comunidades eclesiais mais restritas. Disse a propósito que «estamos chamados a ser um pequeno resto na sociedade, perante a avalanche duma massa social longe da Igreja e por vezes em oposição ao seu papel na sociedade». Sublinhou, todavia, também que esta constatação não pode conduzir ao desânimo, mas antes «reforçar e revitalizar a nossa esperança na Igreja pelo papel salvífico que continua a ter». Partindo do pensamento de João Paulo II, herdado e assumido por Bento XVI, acrescentou que não podemos «definhar no propósito de sermos no mundo esta luz, fazendo o programa pastoral em volta de Cristo». Dirigindo o seu discurso mais directamente para o Centro de Cultura Católica, confirmou a finalidade que presidiu à sua fundação, ajuntando que «precisa de continuar como fantasia de oferta para uma Igreja que precisa de criar e alimentar uma fantasia de procura». Formação para o serviço ministerial O bispo do Porto confessou ainda algum dramatismo pelo facto do aumento de serviços generosos em Igreja contrastar com o decréscimo do número de ministros para celebrar a Eucaristia. Referiu a propósito que é preciso fazer render na diocese a formação para o serviço ministerial às comunidades, em simultâneo com o surgimento de vocações para celebrar a Eucaristia. Lembrando o direito dos fiéis a este sacramento, reconheceu «a dificuldade de encontrar quem tenha o dever de celebrar a Eucaristia a que os fiéis têm direito», acrescentando que este «é um problema que o bispo não pode resolver cabalmente». A terminar mostrou-se expectante relativamente às propostas que o sínodo sobre a Eucaristia vai deixar ao acolhimento pontifício e à sua expressão na exortação pós-sinodal. Depois das palavras do bispo do Porto, ouvidas atentamente e acolhidas com aplauso, a sessão solene encerrou-se com mais uma intervenção do coro. Resta um acolhimento aprofundado das intervenções proferidas, de modo a fazê-las vida na vida do Centro e da comunidade diocesana.

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