A história da Basílica da Estrela

Lisboa, 22 ago 2013 (Ecclesia) – A Basílica dedicada ao Santíssimo Coração de Jesus, em Lisboa, mais conhecida por Basílica da Estrela, foi pioneira na sua espiritualidade e artisticamente, ainda hoje, é uma mostra da arte portuguesa do século XVIII.

Este monumento nacional é “um dos poucos em Portugal” que é mais conhecido pela localização geográfica do que pela sua dedicação, ao Santíssimo Coração de Jesus, que “é um dos seus aspetos mais importantes”, explica Nuno Saldanha, professor de História de Arte, em entrevista ao programa ECCLESIA.[[v,d,4131,Entrevista com Nuno Saldanha]]

A nível artístico o edifício é “um museu perfeito” da arte portuguesa da segunda metade do século XVIII, das “mais importantes e interessantes”, assinala Nuno Saldanha que destaca desde logo “a arquitetura, a escultura e o azulejo” e onde se pode ver também o importante presépio de Machado Castro ou obras do entalhador José Abreu do Ó.

Da cúpula da Basílica do Sagrado Coração de Jesus também se pode disfrutar da paisagem, da Tapada da Ajuda, Monsanto e a serra de Sintra ou Lisboa com o Castelo de São Jorge, a Torre de São Vicente, a Sé e o Tejo.

A esta construção estão associados fatores políticos, espirituais e artísticos, bem como, os mentores do projeto onde se destacam a rainha D. Maria II, o rei D. Pedro III e “um elemento fundamental” frei Inácio de São Caetano, “mentor espiritual da rainha”.

Para além destes os arquitetos Mateus Vicente de Oliveira e, depois da sua morte, Reinaldo Manuel, “que tinha sido encarregado das obras e acaba por fazer alterações na fachada”, também desempenharam papéis importantes esclarece Nuno Saldanha.

Uma obra que não foi consensual, “como acontece em quase todos os grandes projetos em Portugal”, e as críticas dividem-se, segundo o professor universitário, em aspetos do ponto de vista da ”estética” e do ponto de vista “politico e económico”.

No primeiro ponto as críticas prenderam-se com opiniões de estilo mas outros aspetos foram mais importantes.

Nuno Saldanha recorda que a “geração liberal e depois republicana” acusaram os monarcas de estarem a construir um símbolo da monarquia absoluta, “como aconteceu com Mafra no tempo de D. João V”, e de desviarem o “orçamento” que estava destinado à “Lisboa pombalina esta em desenvolvimento e conclusão”.

A origem da construção e dedicação desta Basílica, “que ainda está por provar e é posta em causa por alguns autores”, surge de uma “lenda” de 1760, quando a ainda princesa D. Maria, casa com seu tio, “na altura na real barraca da Ajuda, antes da construção do atual edifício, e terá feito o voto, de erguer um convento para a Ordem das Carmelitas Descalças, quando tivesse o primeiro descendente”, esclarece.

Uma ideia fundada na oração que frei Inácio de São Caetano profere quando nasce o primeiro filho varão – “o vosso desejo foi cumprido e devemos avançar com esta construção” – que “só depois de 1777 quando D. Maria sobe ao trono concretiza este projeto”, explica Nuno Saldanha.

Neste período, o culto ao Sagrado Coração de Jesus ainda não estava em expansão, por isso, esta dedicação é uma “espécie de pioneirismo nesta nova espiritualidade e da sua consagração universal” porque este culto ainda não tinha sido aceite pela Igreja.

Segundo Nuno Saldanha, a pintura de Pompeo Batoni, que representa a consagração do mundo ao Santíssimo Coração de Jesus, presente na capela-mor, teve o aval do Papa Pio VI que a “viu antes de vir para Lisboa”.

PR/CB/LS

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