Grandes vencedores na noite dos Oscars e um olhar especial de Francisco Perestrello sobre o filme dos irmãos Coen,«Este país não é para velhos» Passada a crise causada pela greve dos argumentistas americanos no que respeita a acontecimentos a curto prazo, a Festa dos Oscars foi realizada com o habitual esplendor. Dos três candidatos mais falados pela imprensa – «Haverá Sangue», «Michael Clayton» e «Este país não é para velhos» – foi o último destes a arrecadar a parte de leão, concretizando 4 das 8 nomeações e reunindo os principais galardões – Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Argumento Adaptado – a que juntou o mais que justo Prémio de Actor Secundário atribuído a Javier Bardem, num papel de muito elevada categoria. Confiante no resultado que «Este país não é para velhos» iria obter, o distribuidor em Portugal foi o único a guardar a estreia para data posterior à atribuição dos prémios, conseguindo assim um realce reforçado para o filme. Esta obra dos irmão Ethan e Joel Coen – realizadores e autores da adaptação do argumento – mistura o tradicional ambiente dos filmes americanos realizados em espaços abertos, amplas paisagens e ambientes rurais, com a intensidade dos seus thrillers, em que a acção raramente é interrompida. Para dar força ao texto, e seguindo a linha do original em que é inspirado – o romance de Cormac McCarthy – os irmãos Coen não hesitam em povoar o filme com diversas sequências de uma violência maracada, o que se por um lado é exigido pelo tema, por outro faz parte da forma de expressão do cinema contemporâneo. Mas, prudentemente, não deixam que tais sequências ultrapassem os limites do suportável, mantendo-as limitadas à função que desempenham no desenvolvimento da narrativa. Merece uma referência muito especial o trabalho do actor Javier Bardem, que quase apaga a intervenção de Tommy Lee Jones. Embora tenha recebido o Prémio de Melhor Secundário Bardem é, na realidade, o actor e a peça principal de todo o filme. Francisco Perestrello