Catequese: Caminhada na fé não pode ser «como quem ouve noções, as decora e debita»

Bispos portugueses preparam documento orientador para este setor

Fátima, 10 nov 2016 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal está a preparar um documento orientador sobre a Catequese, com base em sugestões das dioceses, para dar um novo rumo a este setor da educação cristã.

Em declarações aos jornalistas, no final da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em Fátima, D. Manuel Clemente sublinhou a necessidade de passar de “um modelo escolar”, marcado pela simples transmissão e aprendizagem de conhecimentos, para “um modelo catecumenal”, que implica “a participação ativa na comunidade”.

“Há aqui uma caminhada que envolve a pessoa completa e não apenas a sua parte intelectual, como quem ouve noções, as decora e as debita”, disse o presidente da CEP e cardeal-patriarca de Lisboa.

O novo documento assenta na base de que a educação cristã das “crianças, adolescentes, jovens e adultos” não se pode resumir à transmissão de conteúdos mas tem de fazer “referência a atitudes práticas que se vão assumindo”, no “seguimento concreto de Jesus Cristo”.

“Cristo que é uma pessoa, modelo de comportamento, e não apenas noções teóricas como poderia aprender numa outra religião qualquer”, acrescentou D. Manuel Clemente.

A ideia é favorecer cada vez mais um setor pastoral que possa ser “transmissão de vida”, porque Cristo “não é uma história qualquer que se conta”.

“Não é tanto uma questão de noções, que estas acabam por ser as essenciais, nós estamos a dizer a mesma coisa há 2 mil anos. É mais a maneira como se apreende o estilo cristão de viver, e isto não se apreende no sentido estático, parado, implica vida, implica inserção, estar com os outros”, apontou o presidente da CEP, que admitiu que este desafio não será fácil de concretizar.

Em primeiro lugar porque “a vida atual, sobretudo nos meios urbanos, faz com que as pessoas tenham pouco tempo para tudo” e isso limita a “inserção” das pessoas na comunidade.

Por outro lado, as crianças e jovens estão hoje confrontadas com tantos estímulos que a catequese fica um pouco perdida pelo meio.

“Toda a gente sabe que quando quer levar os filhos ou os netos das aulas escolares para as aulas de piano, para as aulas disto e daquilo, para tempos desportivos, e depois pelo meio mete uma passagem por um centro de catequese, esta inserção é muito complicada, é um grande desafio que se põe e temos que pensar nele”, concluiu D. Manuel Clemente.

O primeiro esboço do documento, intitulado “Catequese: a alegria do encontro com Jesus Cristo”, vai ser apreciado durante a próxima assembleia plenária.

JCP

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