ONU: Vaticano destaca «grave dívida social» que subsiste com a falta de acesso a água potável

Um problema que afeta cerca de 800 milhões de pessoas em todo o mundo

Genebra, Suíça, 16 set 2016 (Ecclesia) – O Vaticano manifestou hoje a sua preocupação pelos quase 800 milhões de pessoas que se debatem no mundo com a falta de água potável e que não têm acesso a condições sanitárias básicas.

“O nosso mundo tem hoje uma grave dívida social para com os mais pobres, a quem é negado o direito a viver com inalienável dignidade”, disse em Genebra o observador permanente da Santa Sé para a ONU e outras instituições internacionais com sede naquela cidade suíça.

Em setembro de 2015, a Agenda 2030 reconheceu a água e as condições sanitárias como um tema central, ligado a objetivos como a saúde, a segurança alimentar, as alterações climáticas e os ecossistemas.

Para D. Ivan Jurkovic, “o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos são duas perspetivas que têm de trabalhar em conjunto na redução das desigualdades e na eliminação de disparidades, quanto ao acesso a serviços básicos”.

Na sua mensagem, enviada à Agência ECCLESIA, o arcebispo esloveno enfatiza por exemplo a questão de mais de 160 milhões de crianças “que sofrem de subnutrição crónica” devido à falta de água potável.

“Neste contexto, a gestão sustentável deste recurso transforma-se num desafio social, económico, ambiental e ético, que deve envolver não só as instituições mas também toda a sociedade”, salientou.

Uma das práticas que mais influenciam a degradação da vida na Terra é “a exploração intensiva e indiscriminada dos recursos naturais”.

“Hoje é impossível falar de bem-comum sem levar em consideração o direito a viver num ambiente saudável. A luta contra a pobreza e a fome requer uma intervenção cada vez mais localizada e uma maior solidariedade, de modo a garantir o acesso universal das pessoas à água”, disse o observador permanente da Santa Sé.

O prelado considerou essencial o estabelecimento de um sistema mais equilibrado de distribuição e utilização da água, envolvendo as autoridades civis, “especialmente nas zonas onde a procura por este recurso é potencialmente mais competitiva”.

São necessárias “políticas que protejam este bem” e também mudanças ao nível dos comportamentos e atitudes.

“E isto só se consegue através da educação dos nossos jovens para a solidariedade, o altruísmo e a responsabilidade. Uma pirâmide de virtudes que os ajudará a ser administradores e políticos de confiança”, complementou o responsável católico.

A intervenção do observador permanente da Santa Sé em Genebra foi feita esta sexta-feira durante a 33.ª sessão do Conselho da ONU para os Direitos Humanos.

JCP  

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Agência ECCLESIA

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