Irão: Aiatola saúda palavras do Papa Francisco a dissociar Islão do Terrorismo

Naser Makarem Shirazi condena ação do autoproclamado «Estado Islâmico» e lamenta assassinato de sacerdote francês

Lisboa, 23 ago 2016 (Ecclesia) – O grande aiatola Naser Makarem Shirazi, do Irão, enviou uma carta ao Papa Francisco a agradecer as suas declarações sobre a necessidade de dissociar o Islão do Terrorismo.

“As suas sábias e lógicas considerações sobre o Islão, que desassociam a religião das ações desumanas e das atrocidades perpetradas por seitas ímpias (takfiri) como o Daesh são realmente admiráveis”, escreveu o líder religioso xiita, numa missiva divulgada hoje pela Rádio Vaticano.

No documento, cuja tradução em inglês foi publicada no site oficial do aiatola, Makarem Shirazi sublinha a importância de os vários líderes religiosos mundiais se posicionarem “clara e fortemente” contra a violência e as barbáries, “sobretudo quando estes atos são realizados em nome da religião”.

O responsável iraniano condenou ainda o assassinato do padre Jacques Hamel, morto no dia 26 de julho enquanto celebrava a Eucaristia na paróquia de Saint-Étienne-du-Rouvray, França.

O líder islâmico recordou que a mesma condenação foi reiterada pela comunidade dos estudiosos muçulmanos e pela “grande maioria” dos fiéis.

As “seitas ímpias” (tafkiri), como o autoproclamado Estado Islâmico, são apresentadas como “a pior crise da era moderna”

O aiatola Makarem Shirazi refere que os atos de violência de fundamentalistas islâmicos “não têm nada a ver” com as religiões ou as escolas de pensamento.

A carta surge depois de, a 31 de julho, o Papa Francisco ter afirmado em conferência de imprensa que não era correto identificar o Islão com o terrorismo, atribuindo assassinatos e atentados a “grupos fundamentalistas” que são uma minoria.

“Não é justo identificar o Islão com a violência” disse, no voo de regresso a Roma, desde Cracóvia, após uma viagem de cinco dias à Polónia.

O pontífice argentino observou que o autoproclamado Estado Islâmico “se apresenta como violento” e mostrou ao mundo que “degola egípcios”, mas considerou que este é um grupo que não representa o Islão.

“Não se pode dizer, não é verdade e não é justo dizer que o Islão é terrorista”, insistiu, em resposta a uma pergunta sobre o assassinato de um sacerdote católico, em França, enquanto celebrava Missa, por dois radicais islâmicos.

OC

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Agência ECCLESIA

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