«Vatileaks2»: Tribunal iliba jornalistas e condena monsenhor Vallejo Balda

Chega ao fim julgamento por «divulgação ilícita de notícias e documentos reservados» da Santa Sé

Cidade do Vaticano, 05 jul 2016 (Ecclesia) – O Tribunal do Vaticano condenou hoje a 18 meses de prisão o sacerdote espanhol Angelo Vallejo Balda, após o julgamento do processo de furto e divulgação de documentos reservados da Santa Sé, conhecido como ‘Vatileaks2’.

Monsenhor Vallejo Balda foi secretário da Comissão relativa ao estudo e orientação sobre a organização das estruturas económico-administrativas da Santa Sé, instituída pelo Papa Francisco em julho de 2013 e posteriormente dissolvida, após cumprir o seu mandato.

Francesca Immacolata Chaouqui, leiga ligada à mesma comissão, foi condenada a 10 meses de prisão, com pena suspensa; Nicola Maio, ex-colaborador de monsenhor Vallejo, foi ilibado das acusações.

Os juízes deixaram ainda cair as acusações contra dois jornalistas italianos, Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi, responsáveis pela publicação dos livros ‘Avareza’ e ‘Via Crucis’, respetivamente, por considerar que não tinha jurisdição sobre eles.

A sentença evoca a "existência, radicada e garantida pelo direito divino, da liberdade de manifestação do pensamento e da liberdade de imprensa no ordenamento jurídico do Vaticano".

Os livros em causa apresentam, no essencial, o mesmo material com polémicas ligadas à propriedade dos bens da Santa Sé ou ao Óbolo de São Pedro, que recolhe donativos dos católicos de todo o mundo para o Papa, entre outros.

A leitura da sentença foi transmitida em direto na sala de imprensa da Santa Sé.

O Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano tinha começado a julgar há sete meses as cinco pessoas acusadas de “divulgação ilícita de notícias e documentos reservados” da Santa Sé.

A 8 de novembro de 2015, o Papa reagiu publicamente às polémicas sobre as atividades financeiras da Santa Sé, no centro dos livros e do material divulgado, e disse que a “reforma” em curso iria continuar.

As mudanças implementadas implicaram, entre outras medidas, auditorias externas às contas do Vaticano e a criação de uma Secretaria para a Economia na Santa Sé, para além da implementação de medidas de transparência financeira no Instituto para as Obras de Religião (IOR, conhecido popularmente como Banco do Vaticano).

Já em 2012 o Vaticano tinha julgado um caso de fuga de documentos confidenciais, tendo na altura condenado o ex-mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele, a 3 anos de cadeia, pena reduzida para ano e meio; o agora Papa emérito viria a conceder-lhe um indulto, semanas após a condenação.

OC

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Agência ECCLESIA

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