Eutanásia: Legalização seria «retrocesso» civilizacional, afirma presidente Federação Portuguesa pela Vida

Isilda Pegado questiona «falsidades» que estão a ser apresentadas

Lisboa, 16 abr 2016 (Ecclesia) – A presidente da Federação Portuguesa pela Vida diz que a discussão sobre a legalização da eutanásia “é uma maldade que está a ser feita aos portugueses” e questiona o caminho que se quer tomar com a aprovação desta prática.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Isilda Pegado realça que quem faz a apologia da eutanásia assenta em pressupostos como “a vida é um bem disponível”, que a eutanásia “acaba com o sofrimento” e que quem recorre a esta prática o faz de forma “livre e esclarecida”.

“Uma falsidade”, frisa a advogada, sublinhando que “a eutanásia não acaba com o sofrimento, mas com a pessoa”, quando existem na sociedade e na legislação “dezenas, centenas de exemplos” que consagram a vida humana como algo inalienável e a ser “preservado” em qualquer circunstância.

Para aquela responsável, “a questão da eutanásia e da morte assistida” introduz “um novo elemento, o homicídio praticado com a chancela do Estado”, ao mesmo tempo que ameaça “o conceito da dignidade da vida humana” que tem sido consolidado “nos últimos anos”.

Com base nestes argumentos, a presidente da Federação Portuguesa pela Vida defende que a eventual legalização da eutanásia representará “um enorme retrocesso”, em termos civilizacionais.

Isilda Pegado aponta depois à realidade dos “países onde a eutanásia já está legalizada”, e onde esta prática, de forma “recorrente”, tem deixado de ser “um direito” para “passar a ser um dever”.

Nações em que pessoas, num “determinado estado da sua vida”, mais “dependentes da família, da sociedade”, são levadas a entrar num “espírito de que já não estão aqui a fazer nada”.

Num contexto destes, quem “não pedir a tal morte assistida ou eutanásia, então é egoísta porque está a ser um peso para a sociedade, para os seus”.

“Nós queremos que no futuro, isto seja uma realidade?”, pergunta a presidente da Federação Portuguesa pela Vida.

Para a antiga deputada da Assembleia da República, a orientação do debate político e social deveria ser outra, mais no sentido da construção de “uma sociedade do amor, do carinho, do encontro de gerações”, mesmo perante o sofrimento dos mais idosos e doentes.

“É evidente que há todo o respeito pelo sofrimento, todos temos consciência que ele é uma realidade objetiva e que merece daqueles que estão à nossa volta todo o respeito, carinho e apoio”, realça Isilda Pegado.

O que está aqui em causa é a preservação de uma “civilização onde todos tenham lugar, onde todos sejamos iguais, com mais ou menos capacidades” e não apenas os “mais fortes”, complementa.

A proposta de despenalização e regulamentação da eutanásia vai ser entregue no Parlamento português no dia 26 de abril, na sequência de uma petição lançada pelo movimento “Direito a morrer com dignidade”.

Isilda Pegado é uma das entrevistadas do próximo programa ‘70×7’ (RTP2), que vai ser transmitido no domingo, às 13h30, tendo como pano de fundo a recente nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a Eutanásia, tema em destaque na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

PR/CB

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