Braga: Igreja procura «ouvir» sociedade para poder falar-lhe, explica arcebispo

D. Jorge Ortiga elogia ciclo de conferências «Nova Ágora» que deu voz a crentes e não crentes

Braga, 12 mar 2016 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga fez um balanço positivo da edição do ciclo de conferências ‘Nova Ágora’, concluído na noite de sexta-feira, que levou ao Minho personalidades de várias áreas para debater temas sociais e culturais.

“Hoje a Igreja, essencialmente, tem de ser uma Igreja que escuta, para poder depois falar. Se não for capaz de escutar o que o mundo diz, a sua palavra não vai encontrar correspondência”, disse à Agência ECCLESIA D. Jorge Ortiga.

O responsável explicou que o objetivo foi colocar em confronto várias sensibilidades em relação a “questões essenciais” da vida humana, procurando fugir aos esquemas “tradicionais”.

O arcebispo primaz mostrou-se feliz com a “adesão significativa” das pessoas a esta iniciativa e assumiu a necessidade de levar a Igreja a “inovar” e a sair dos seus “púlpitos habituais”.

“É preciso que estejamos mergulhados no meio da sociedade com perguntas que inquietam, que interpelam, e que falam de Deus de uma maneira diferente”, realçou.

O ciclo de três conferências teve como tema ‘Olhares sobre…’, a fim de sublinhar a “diversidade” de opiniões.

“O facto de o convite surgir da Igreja obriga estas pessoas – e tivemos aqui alguns não crentes – a confrontar-se com a realidade da fé e isso é muito importante”, disse D. Jorge Ortiga.

Já o coordenador do ciclo, padre Eduardo Duque, defendeu que a iniciativa foi capaz de “deixar a semente em aberto”, projetando já uma “terceira edição” da ‘Nova Ágora’ em 2017, que poderia estar ligada ao “campo do desporto”.

“Alcançamos o que era o determinante destas conferências, o diálogo entre crentes e não crentes”, declarou.

O II Ciclo de Conferências "Olhares Sobre…" encerrou-se com um debate sobre o estado da Arte em Portugal, tendo como convidados o escultor Rui Chafes, vencedor do Prémio Pessoa 2015, o escritor Mário Cláudio e Pedro Sobrado, dramaturgista do Teatro Nacional São João, com moderação da jornalista Maria João Costa.

Chafes, citado pelo site da Arquidiocese de Braga, afirmou que até ao Modernismo os artistas tinham de estar “obrigatoriamente” dentro da Igreja.

“Hoje podem lá estar ou não, é uma escolha num campo aberto, o que para mim revela índices muito positivos. Penso ser esta a altura certa de dar um passo em frente na relação entre a Arte e a Igreja", prosseguiu.

HM/OC

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