Eutanásia: Associação dos Médicos Católicos Portugueses lamenta «confusão» no debate

Presidente do organismo critica sucessão de testemunhos que misturam conceitos e situações clínicas

Porto, 12 mar 2016 (Ecclesia) – O presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) lamentou hoje a “confusão” que se tem vindo a gerar na opinião pública a respeito da eutanásia.

“Creio que, não por acaso, têm sido publicados imensos depoimentos sobre esta situação, como que dando a entender que a eutanásia afinal já se pratica em Portugal”, alertou Carlos Alberto da Rocha, em declarações à Agência ECCLESIA.

Falando no Porto, onde decorreu uma reunião nacional da AMCP, o responsável referiu que a despenalização da eutanásia não consistiria em “tornar legal algo que já existe” no sistema de saúde em Portugal

“Infelizmente, muitas dessas declarações confundem claramente eutanásia com distanásia”, pelo que “a opinião pública precisa de ser bem esclarecida sobre o que está em causa”.

A distanásia é o prolongamento artificial da vida humana, quando não existe qualquer esperança de recuperação.

A AMCP assume-se, segundo o seu presidente, “claramente contra a eutanásia e suicídio assistido como resposta às situações de sofrimento humano de doença terminal”, defendendo a aposta nos cuidados paliativos para estes casos.

O padre José Eduardo Lima, assistente da AMCP, entende que “seria bom saber do que se fala, quando se fala de eutanásia”.

“Fala-se de limitar o esforço terapêutico, o encarniçamento terapêutico? Em relação a isso, não há qualquer objeção a colocar por parte da Igreja. Outra coisa muito diferente é um ato, por parte de um médico, de terminar a vida de um doente”, alerta.

A reunião nacional da AMCP foi dedicada ao tema ‘O Erro Médico’ e decorre no Centro de Congressos da secção regional do Norte da respetiva Ordem.

Carlos Alberto da Rocha explicou que “o erro médico é um tema do máximo interesse”, merecendo uma reflexão em termos de “prevenção”, desde a formação nas universidades, e de “procedimentos” no sistema de saúde, para além de compreender como “tratar as consequências” desses erros.

Para este responsável, é importante distinguir as várias causas que podem provocar os erros, sem as limitar à “negligência”.

O presidente da AMCP alertou para as consequências do “cansaço” e da “falta de tempo para ouvir o doente”, recordando que o médico está integrado numa organização e “não pode deixar de ser influenciado na sua prática médica por essa organização”.

 “Quanto mais pressionado for o médico na sua atividade profissional, mais fácil é ele poder enganar-se, poder cometer erros”, conclui.

HM/OC

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Agência ECCLESIA

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