II Concílio do Vaticano: A obra do padre Américo vista pelo presidente da República Portuguesa

Apesar do concílio se ter realizado na segunda metade do século anterior, a assembleia magna teve precursores e um deles foi o padre Américo Aguiar, nascido em Galegos, concelho de Penafiel, a 23 de Outubro de 1887, e falecido a 16 de julho de 1956. O novo presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, escreveu um testemunho emblemático sobre o fundador das casas do Gaiato.

O maior acontecimento eclesial do século XX, o II Concílio do Vaticano deixou marcas indeléveis na sociedade contemporânea. Nas quatro sessões (1962-1965) desta assembleia magna foram discutidos assuntos essenciais para as relações internas da Igreja e para o diálogo com o mundo.

Apesar do concílio se ter realizado na segunda metade do século anterior, a assembleia magna teve precursores e um deles foi o padre Américo Aguiar, nascido em Galegos, concelho de Penafiel, a 23 de Outubro de 1887, e falecido a 16 de julho de 1956. O novo presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, escreveu um testemunho emblemático sobre o fundador das casas do Gaiato.

“Como cidadão atento aos dramas da infância excluída ou em exclusão num Portugal a converter-se de rural em urbano e metropolitano. Como educador empenhado na primazia da afirmação da criança. Como cristão e sacerdote devotado na concretização das bem-aventuranças, na vivência de uma igreja serva e pobre, na antecipação do que viria a ser o espírito do Concílio Vaticano II”. (Sousa, Marcelo Rebelo de; IN: «O Padre Américo e a Obra da Rua»; coordenação de José da Cruz Santos; Aletheia Editores).

Quando estamos a celebrar os 30 anos (22 março de 1986) da abertura do processo canonização do padre Américo, convém ler os sinais dos tempos deste “homem bom, visceralmente bom”, como o definiu Marcelo Rebelo de Sousa. Para o novo presidente da República Portuguesa, o padre Américo foi um servidor dos outros e um “sacerdote cumpridor das exigências de pobreza, desprendimento, dedicação aos mais sofredores e indefesos, e, dentro deles, às crianças de rua”.

Depois de Miranda do Corvo (1940) e Paço de Sousa (1943) fundará ainda a Casa do Gaiato do Tojal (1948) e a 1 de Julho de 1955 a Casa do Gaiato de Setúbal (um ano antes da sua morte). Mas o «edifício» ainda não estava completo: faltavam os Lares e o Calvário. O primeiro destina-se a uma melhor acomodação dos rapazes que trabalham ou estudam e o segundo servirá para abrigar doentes incuráveis. O Calvário foi a derradeira Obra. “O canto do cisne. Dizem que o cisne, ao adivinhar a morte, entoa as mais belas melodias da sua vida. Não é, pois de admirar que o Calvário seja a mais bela melodia do Pe. Américo” (In: Ramos, José da Rocha).

Marcelo Rebelo de Sousa conheceu este apóstolo social quando tinha sete anos. Passados 50 do II Concílio do Vaticano, talvez seja a hora de ver, com outros olhos, o papel que este homem desempenhou e que já foi canonizado no coração do povo e no coração do novo presidente da República Portuguesa.

 

 

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Agência ECCLESIA

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