Dia Internacional da Mulher: Emília Nadal realça importância de educação transmissora de «modelos e valores»

Pintora recorda «caminho imenso» da mulher na Igreja

Lisboa, 08 mar 2016 (Ecclesia) – A artista plástica Emília Nadal considera que “na era da globalização e da multiculturalidade” faz ainda mais sentido assinalar o Dia Internacional da Mulher e alerta que a educação transmissora de “modelos e valores” é fundamental.

“Há problemas novos com os quais nos deparamos pela primeira vez, ou pelo menos temos consciência deles, porque é uma questão eminentemente cultural da qual derivam os modelos que as pessoas têm em relação ao reconhecimento da mulher e como veem o seu papel na família, na sociedade, na religião e em todos os setores da vida”, começou por explicar à Agência ECCLESIA.

Emília Nadal cita o escritor Mia Couto – “cada homem é uma raça” – para afirmar que “cada mulher é uma pessoa” de onde deriva “tudo” porque nas sociedades, culturas, comunidades e nos grupos sociais onde não existe o conceito de pessoa como individuo, “com direitos, deveres e capacidades” podem, de certa maneira, “escravizar as mulheres desde as formas mais violentas, às mais softs e justificadas, por razões nomeadamente religiosas”.

A entrevistada revela à ECCLESIA que a sua afirmação surge no sentido que cada pessoa tem de “definir as suas prioridades”, da maternidade, da família, algo que também se coloca aos homens e não só às mulheres.

“Há homens que hoje colocam a sua prioridade na família, diz-se a partilha das funções, das atividades. É para isso que caminha o sentido da mulher integrar-se e não vermos como caso isolado mas como um todo que é como a mulher tem de estar na sociedade, na Igreja, na família”, desenvolve, sublinhando que as opções “têm de se respeitar”.

“Muitas vezes equacionamos as situações com o modelo que recebemos, a mulher é para estar em casa, a cuidar da família, e depois vê-se o resto”, observa Emília Nadal, destacando que a maneira como as mulheres educam os filhos é o que eles depois vão reproduzir.

“As mulheres é que muitas vezes são as principais responsáveis da transmissão dos valores”, frisa.

A artista plástica alerta que na sociedade portuguesa há mulheres que “são excisadas”, outras que “até têm uma vida dupla, no bom sentido”, e que existem mulheres “integradas e reconhecidas”, em certos setores profissionais, mas dentro de suas casas “seguem os mesmos modelos das suas avós”.

Neste contexto, defende uma educação para “um caminho onde todos têm de ser autónomos”, que não fiquem “confinados” ao que são os modelos ancestrais que foram propostos porque se não prega-se que a mulher “pode fazer tudo mas quando chega a casa também tem de fazer tudo e isso não é possível a ninguém”.

Para Emília Nadal, o caminho da mulher na Igreja depende das comunidades, dos locais, das culturas, “de toda uma tradição”, e assinala que não se podem “comparar comunidades muito diferentes” porque onde a mulher, no seu estatuto social, tem determinados papéis “é normal que também tenha reflexo na Igreja”.

A pintora relembra ainda que, na sua juventude, Nossa Senhora era apontada como “modelo para as mulheres” mas “a Igreja evoluiu” para passar a apresentá-la como “modelo da fé dos crentes, das comunidades”.

Neste âmbito, comenta também que a mulher “deixou de ser arranjar as flores do altar” para ter um papel “muito mais importante, inclusivamente nos estudos teológicos”.

A entrevista pode ser acompanhada no Programa ECCLESIA que a RTP 2 transmite às 01h05 da madrugada de quarta-feira.

HM/CB

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Agência ECCLESIA

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