Vaticano: Papa admite falta de atenção à classe média nas suas intervenções

Francisco diz que discurso sobre pobreza e economia segue Doutrina Social da Igreja

Cidade do Vaticano, 13 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa admitiu hoje em conferência de imprensa que tem faltado atenção à situação da classe média nos seus discursos sobre a economia e sustentou que a preocupação com os pobres segue a Doutrina Social da Igreja.

“O mundo está polarizado, a classe média torna-se mais pequena. A polarização entre os ricos e os pobres é grande, isso é verdade, e talvez isso me tenha levado a não ter a [classe média] na devida conta”, precisou, em declarações durante o voo em direção a Roma, desde o Paraguai, após encerrar uma viagem de oito dias à América Latina, com passagens pelo Equador e Bolívia.

Nesse sentido, observou que tem de “aprofundar” o magistério sobre esta classe média que trabalha e paga impostos, a “gente simples”.

Francisco sublinhou por outro lado que o número de pobres é “grande” em todo o mundo e que eles estão “no coração do Evangelho”.

“Sou eu quem segue a Igreja, porque simplesmente prego a Doutrina Social”, precisou.

A este respeito, o Papa observou que a sua aproximação a movimentos populares, como aconteceu na Bolívia, não é “uma mão estendida a um inimigo, não é um facto político”.

“É um facto catequético, quero que isso seja claro”, insistiu.

Em resposta a uma questão sobre a expressão ‘Esta economia mata’, que surge já na exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’, Francisco disse saber que há algumas críticas às suas posições, vindas nalguns casos dos Estados Unidos da América, defendendo que as posições diversas devem ser “acolhidas e estudadas, para depois se fazer o diálogo”.

Francisco acrescentou que a Igreja “não pode ser indiferente” aos problemas dos mais pobres e ao dinamismo dos movimentos populares, cujo segundo encontro mundial encerrou, na Bolívia.

“A Igreja tem uma Doutrina Social e dialoga com este movimento, dialoga bem. Vocês viram o entusiasmo por sentir que a Igreja não está longe”, referiu aos jornalistas, numa conferência de imprensa de mais de uma hora.

O Papa sublinhou que, neste diálogo, a Igreja não faz uma opção pela “estrada anárquica”, mas está ao lado de “verdadeiros trabalhadores”.

No discurso que proferiu na noite de quinta-feira, em Santa Cruz de la Sierra, Francisco propôs uma “verdadeira” mudança de sistema, começando por “colocar a economia ao serviço dos povos”.

“O que é eu fiz foi dar-lhes a Doutrina Social da Igreja, o mesmo que faço com o mundo empresarial”, explicou aos jornalistas, no voo de regresso a Roma.

OC

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