«Laudato si»: Cardeal-patriarca diz que encíclica reforça «caráter humano da ecologia»

D. Manuel Clemente apresentou documento do Papa Francisco com o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz

Lisboa, 24 jun 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje que a encíclica ‘Laudato si’, do Papa Francisco, reforça o “caráter humano da ecologia”, procurando ultrapassar o “contrassenso” que é deixar a pessoa fora destas preocupações.

“O ser humano não pode ficar fora”, defendeu D. Manuel Clemente, numa conferência de imprensa para apresentação do novo documento pontifício

A sessão decorreu esta noite no auditório da igreja de São João de Deus (Praça de Londres, Lisboa).

Segundo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a encíclica insere-se na Doutrina Social da Igreja, tendo como novidade a sua “globalidade” e o seu “caráter integral” num tema que diz respeito a crentes e não crentes.

D. Manuel Clemente sublinhou a “legitimidade” do Papa em pronunciar-se sobre estes temas, tirando “consequências sociopolíticas do Evangelho”.

"Isto é realmente inadiável, amanhã pode ser tarde", alertou.

O cardeal-patriarca realçou o conceito de Ecologia integral, um “adjetivo chave no conjunto da encíclica”, que se insere numa intervenção clara e coerente do atual Papa, com “profundo realismo”

A ‘Laudato si’, acrescentou, é escrita por um “crente”, que olha para a natureza desde esse ponto de vista, como “Criação”, um “dom” que é dado por Deus a “todos”.

Francisco procura redefinir o “progresso”, que não passa apenas por “haver mais coisas, mais possibilidades práticas”, mas por uma melhoria na qualidade de vida, com “critério humano”.

D. Manuel Clemente elogiou também a proposta de “conversão ecológica”, uma “verdadeira novidade”, que desafia todos independentemente da sua religião.

A conferência de imprensa contou também com a intervenção de Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), o qual sublinhou o tema central da “ecologia humana” nesta encíclica, em que o Papa critica o “paradigma tecnocrático” e propõe um “novo modelo de progresso”.

Francisco reconhece o “valor intrínseco” das outras espécies, sem esquecer a necessidade de defender a “espécie humana” desde o início da vida do embrião.

O texto, referiu o presidente da CNJP, é mais do que uma “encíclica verde” e propõe uma “ecologia da vida quotidiana” interpela cada um, que passa por educar para virtudes como a “gratidão, a gratuidade, a sobriedade e a humildade”.

A encíclica tem 246 números, divididos em seis capítulos; este é o grau máximo das cartas que um Papa escreve e a expressão 'Laudato si’' (louvado sejas) remete para o 'Cântico das Criaturas' (1225), de São Francisco de Assis, o religioso que inspirou o pontífice argentino na escolha do seu nome.

OC

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