II Concílio do Vaticano: Os perigos da vida internacional na «Mense Maio»

Na encíclica «Mense Maio», datada de 29 de abril de 1965, o Papa Montini realça que com a aproximação do mês de maio, “consagrado pela piedade dos fiéis a Maria Santíssima”, é fundamental uma “oração mais intensa e confiada” para o sucesso do II Concílio do Vaticano.

O homem que tomou as rédeas dos trabalhos no II Concílio do Vaticano, depois da morte de João XXIII, tinha o desejo de uma Igreja modernizada e dialogante com o mundo. Recordo que o novo beato da Igreja – Paulo VI foi beatificado a 19 do outubro de 2014 – quando foi eleito pelos seus pares não quis chamar-se Pio nem João, mas Paulo, o grande apóstolo evangelizador e missionário.

Na encíclica «Mense Maio», datada de 29 de abril de 1965, o Papa Montini realça que com a aproximação do mês de maio, “consagrado pela piedade dos fiéis a Maria Santíssima”, é fundamental uma “oração mais intensa e confiada” para o sucesso do II Concílio do Vaticano.

Ao olhar para o mundo de então, Paulo VI refere na encíclica que “esta hora é particularmente grave e que urge, mais do que nunca, lançar um apelo para que se estabeleça um coro de orações de todo o povo cristão”.

Com o aproximar da IV sessão conciliar, o sucessor de João XXIII escreveu no documento que o êxito desta assembleia magna depende do esforço dos cristãos. Só através deste empenho, as “sementes lançadas” durante o concílio podem “alcançar o seu desenvolvimento efetivo e benéfico” (In: Lumen; Ano XXIX; 1965, página 370).

No seu pontificado, Paulo VI teve atitudes marcantes. Uma delas, que ficou na história, foi ter recebido dos seus irmãos (cristãos) milaneses a tiara que, posteriormente, colocou em leilão e o fruto da venda reverteu para os pobres. Um gesto que mostra o seu sentir perante “aquele emblema de um poder e de um fasto temporal que a Igreja já não reconhece.

Ele considera importante, para fins pastorais, chamar a atenção da opinião pública que alardeia acerca das fantasiosas riquezas da Igreja: «A Igreja deve ser pobre; e não só; a Igreja deve aparecer pobre» diz em 1970”. (In: «Paulo VI – Biografia», Giselda Adornato, Lisboa, Paulus Editora).

Perante os “graves perigos da vida internacional”, Paulo VI sublinha que é fundamental dar a “conhecer as preocupações e o receio que estas discórdias se exacerbem até ao ponto de degenerar num conflito sangrento” ” (In: Lumen; Ano XXIX; 1965, página 370).

Os documentos do Papa Paulo VI criavam sempre expectativa. Basta recordar que a primeira encíclica (6 de agosto de 1964) do Papa Paulo VI “não só é profundamente diferente das encíclicas anteriores como tem um estilo tão próprio e até tão novo, que não suporta facilmente uma comparação com outras encíclicas”. (In: Boletim de Informação Pastoral; Ano VI; 1964; Outubro-Novembro; Nº 34).

LFS

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