Vaticano: Francisco critica quem paga salários baixos e exige muitas horas de trabalho

Filas de desemprego e fome originam aproveitamento das empresas, diz o Papa

Cidade do Vaticano, 28 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco criticou hoje no Vaticano a oferta de salários de 600 euros por 11 horas de trabalho, a que muitos se sujeitam como consequência do desemprego e da fome.

“Hoje há uma regra, não digo normal, habitual, mas que se vê muitas vezes: 'Tu procuras trabalho? Vem, vem para esta empresa'. 11 horas, 10 horas de trabalho por 600 euros. 'Gostas? Não? Podes ir para casa?'”, disse Francisco a cerca de sete mil membros da Confederação das Cooperativas Italianas.

Na audiência, que decorreu na Sala Paulo VI, o Papa questionou sobre o que se pode fazer “neste mundo que funciona assim” e deu como exemplo as filas de pessoas à procura de emprego.

“Se tu não gostas, outro há de querer. É a fome, a fome que faz aceitar aquilo que te dão, o trabalho irregular”, alertou.

Outro exemplo de Francisco foi em relação ao trabalho doméstico e questionou se todos os homens e mulheres que trabalham como “domésticos têm a proteção social para a reforma”.

Na sua intervenção apresentou cinco “incentivos concretos” para que as cooperativas continuem a ser o motor que “gera e desenvolve a parte mais fraca das comunidades locais e da sociedade civil”.

Neste contexto, pediu prioridade na criação de novas empresas cooperativas e no desenvolvimento das existentes criem novas oportunidades de emprego.

"O pensamento vai em primeiro lugar para os jovens porque o desemprego juvenil é dramaticamente elevado. Nalguns países da Europa é de 40, 50 por cento e destrói a sua esperança”, comentou.

Francisco não esqueceu também as mulheres que “têm necessidade e vontade de entrar no mundo do trabalho” e os adultos que ficam “prematuramente sem emprego”.

“'Tu o que és?’ Sou engenheiro. ‘Ah, que bom, que bom. Quantos anos tens?’49. ‘Não serve, vai-te embora'”, exemplificou o Papa, ao reproduzir uma conversa que “acontece todos os dias”.

Aos elementos da Confederação das Cooperativas Italianas, pediu ainda que tenham atenção para as empresas que “estão em dificuldades”, aquelas que “convêm deixar morrer aos velhos patrões” mas podem ser recuperadas com as iniciativas designadas 'Workers buy out'.

“E eu, como disse aos vossos representantes, sou um adepto das empresas recuperadas", revelou aos presentes.

Francisco desafiou as cooperativas italianas a “globalizar a solidariedade” e incentivou-as a “inventar” novas formas de cooperação.

CB/OC

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