Lisboa: Patriarca questiona opção de «denegrir e ridicularizar» convicções religiões

D. Manuel Clemente reflete sobre liberdade de expressão e «responsabilidade», à luz dos atentados de Paris

Lisboa, 23 jan 2015 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa questionou esta quinta-feira os objetivos de quem usa a sua liberdade de expressão para “denegrir e ridicularizar” as convicções religiosas de outros, apelando à “responsabilidade”.

“Podemos interrogar-nos se, sendo hoje da máxima urgência alargar o diálogo intercultural e inter-religioso a favor da paz, a melhor maneira de progredir nesse sentido é denegrir e ridicularizar as convicções dos outros. E não só nos seus eventuais pontos fracos, mas até nos respetivos fundamentos”, declarou D. Manuel Clemente, na homilia da Missa a que presidiu na Catedral de Lisboa, por ocasião da festa litúrgica de São Vicente, padroeiro do Patriarcado.

O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa apresentou uma reflexão sobre os “trágicos acontecimentos de Paris”, os atentados terroristas que deixaram 17 mortos entre jornalistas, polícias e membros da comunidade judaica.

A homilia, enviada hoje à Agência ECCLESIA, abordou em particular o ataque contra o semanário satírico ‘Charlie Hebdo’, que “tratara irreverentemente a figura de Maomé”.

“Não se pode pôr em causa a liberdade de expressão nem esquecer que ela inclui intrinsecamente a responsabilidade. Responsabilidade que deve ser apurada nos órgãos que a sociedade democrática mantém para tutelar o bem comum e rejeitando qualquer tipo de violência no agir e no reagir”, declarou o futuro cardeal.

D. Manuel Clemente apresentou o exemplo do mártir São Vicente, morto por ser cristão em 304, durante a perseguição de Diocleciano, pelo “desassombro com que afirmou a sua fé” e a coragem que “em nada se impunham aos demais”.

“Não se trata de impor o que quer que seja, senão de propor e oferecer a quem quer que precise o mesmo que Cristo nos ofereceu a todos: presença, companhia, pão do corpo e do espírito, esperança preenchida por ações solidárias que a sustentem”, acrescentou.

OC

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