Papa: Discurso em Estrasburgo é «magna carta» para a Europa

Palavras de Francisco são, para José Miguel Sardica, sinal de profetismo e incómodo que a Igreja deve prosseguir

Lisboa, 12 Dez 2014 (Ecclesia) – O discurso que o Papa Francisco fez aos eurodeputados, na viagem que fez a Estrasburgo no final de novembro, pode ficar como uma “«Magna carta» para o que poderá ser a Europa no século XXI”.

O diretor da Faculdade de Ciência Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), José Miguel Sardica, afirma que o futuro do projeto europeu “passa inclusão e cooperação” e não, “ao contrário do que temos visto” de um fechamento dos países, “com estratégias de centramento que fazem perder a noção da Europa una, base do seu objetivo inicial”.

O papa Francisco esteve em Estrasburgo no final de novembro, 26 anos depois de João Paulo II ter falado a eurodeputados de 12 países.

O docente sublinha o apelo para o regresso da Europa a uma “comunidade humana, de pessoas e sentimentos e não apenas dominada por interesses multinacionais abstratos”.

José Miguel Sardica recorda que a “principal missão” da Igreja católica é ser “incómoda”.

“Se olharmos para a História a principal missão da Igreja é ser incómoda; não para ser revolucionária ou subversiva, mas através da sua Doutrina Social (DS), foi a primeira instituição a olhar para os pobres porque eles existiam”.

Ao contrário das ideologias políticas “que nos seus discursos falam da humanidade”, o docente indica que a DSI “cuida de homens e mulheres concretos no seu meio, na exclusão social, na falta do que é essencial para uma vida digna” e que, nesse sentido, a Igreja está a surgir “como uma espécie de Estado social substituto, quando os Estados já não têm recursos”.

“Enquanto outros falam em fomentar o emprego para o desenvolvimento a Igreja aponta o emprego como uma medida de dignificação do homem”.

Para o docente da UCP, Francisco “não sendo político”, “lembra, com o seu magistério espiritual e a legitimidade moral que católicos e não católicos lhe reconhecem, questões sociais incómodas” e que a Europa “deve ser uma casa comum, de integração”.

O professor José Miguel Sardica é comentador da ECCLESIA e a sua análise pode ser acompanhada no programa de rádio na Antena 1, no próximo domingo.

LS

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