II Concílio do Vaticano: Edward Schillebeeckx, um visionário conciliar

Se o II Concílio do Vaticano está a celebrar o seu cinquentenário, o teólogo dominicano Edward Schillebeeckx celebra este ano o centenário do seu nascimento. Schillebeeckx (Antuérpia (Bélgica), 12 de novembro de 1914 – Nimega (Holanda), 23 de dezembro de 2009) foi um teólogo católico belga e membro da ordem fundada por São Domingos.

Se o II Concílio do Vaticano está a celebrar o seu cinquentenário, o teólogo dominicano Edward Schillebeeckx celebra este ano o centenário do seu nascimento. Schillebeeckx (Antuérpia (Bélgica), 12 de novembro de 1914 – Nimega (Holanda), 23 de dezembro de 2009) foi um teólogo católico belga e membro da ordem fundada por São Domingos.

Os seus livros sobre Teologia já foram traduzidos em diversas línguas e as suas contribuições no II Concílio do Vaticano tornaram-no conhecido mundialmente e é considerado um dos teólogos mais importantes do século XX.

A amplidão e abrangência da sua obra e influência das suas ideias e o “modo novo de fazer teologia fazem dele, um dos maiores teólogos dogmáticos católicos” (In: Manuel Augusto Rodrigues; «Correio de Coimbra», 07 de janeiro de 2010). Schillebeeckx soube “com perspicaz intuição” incorporar na Teologia o resultado dos estudos bíblicos dos dois últimos séculos e da cultura do seu tempo.

Doutorou-se em Teologia com a tese «A Economia sacramental da salvação», publicada em 1952 e ensinou no convento dos Dominicanos em Lovaina e na Universidade de Nimega (1957 a 1983). Foi conselheiro teológico do episcopado holandês (incluindo o padre conciliar, cardeal Bernardus Alfrink) e participou de forma muito ativa no II Concílio do Vaticano, “podendo dizer-se que foi um dos elementos mais duravelmente influent” (In: Guilherme d´Oliveira Martins; «Voz da Verdade», 17 de janeiro de 2010). Trabalhou com os principais “renovadores” da Teologia Católica e foi membro fundador da Revista «Concilium» criada em 1964.

Guilherme d´Oliveira Martins escreveu nesse artigo que graças à amizade com “António Alçada Baptista e Helena Vaz da Silva” acompanhou o lançamento da Revista «Concilium» em Portugal, “exercendo assinalável influência entre nós, designadamente através de frei Mateus Cardoso Peres e frei Bento Domingues”. Entre os oito colóquios promovidos pela revista portuguesa, teve lugar em abril de 1966 a conferência de Schillebeeckx intitulada “A dolorosa experiência do Deus oculto”.

O dominicano e cronista do «Público» frei Bento Domingues escreveu nesse mesmo jornal (10 de janeiro de 2010) que no século XX, a Igreja em Portugal “não gastava muito com Teologia” e essa célebre conferência sobre o Deus oculto foi publicada nos cadernos «O Tempo e o Modo – número 3». Frei Bento Domingues escreveu também que o teólogo passou “três vezes o cabo das tormentas com a Congregação para a Doutrina da Fé que, durante a presidência de J. Ratzinger, viveu um regime de maior arbitrariedade”.

A sua obra foi alvo de um processo da Congregação para a Doutrina da Fé pela sua visão positiva da secularização. Em 1979, o livro «Jesus. A história de um vivente» (São Paulo: Paulus, 2008) foi investigado. Em 1981, sofreu novo processo pela obra «O mistério eclesial». Nenhum dos três processos resultou em condenação. Apesar de todos os “dissabores, nunca lhe passou pela cabeça abandonar a Igreja”, escreveu frei Bento Domingues.

LFS

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