Solidariedade para o pós-troika

D. Manuel Clemente recorda que cenário de dificuldades se vai manter mesmo após «saída limpa» anunciada pelo Governo

Lisboa, 15 mai 2014 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa disse hoje, a respeito do final do programa de assistência a Portugal, que a comunidade internacional deve ser solidária entre si para superar as atuais dificuldades.

“Hoje em dia, toda a sociedade internacional é interdependente, ninguém está fora disto: vamos é a ser solidários e perceber de vez que ou vamos todos ou não vamos a lado nenhum”, referiu D. Manuel Clemente, em declarações à Agência ECCLESIA.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi questionado sobre a chamada ‘saída limpa’ do programa de assistência económica e financeira, que se conclui a 17 de maio, anunciada pelo Governo após a última avaliação da ‘troika’.

“As limpezas, como as sujidades, não são meramente financeiras: são limpezas de alma, de disponibilidade, de pensamento, de esclarecimento das coisas”, advertiu D. Manuel Clemente.

Segundo o patriarca de Lisboa, as dificuldades “ vão ficar durante muito tempo”.

“O endividamento foi brutal e isso limita muito o que poderíamos fazer só por nós”, disse.

Em relação à decisão do Governo, que optou por não recorrer a qualquer programa cautelar, o presidente da CEP admitiu que “a margem de manobra não seria muita”.

“Eu não sou técnico, mas também me parece que independentemente da escolha do Governo, essa também foi a escolha de outros”, observou.

O responsável assinalou que a sociedade portuguesa tem de “equacionar os recursos” disponíveis para “atender a necessidades que começam antes do nascimento e se concluem aos 90 e aos 100 anos”.

“Temos de ter este campo aberto para nos restabelecermos para o futuro”, declarou.

D. Manuel Clemente falava à margem da conferência sobre o tema ‘Envelhecer melhor’, promovida pelo projeto ‘Mais Proximidade, Melhor Vida’ do Centro Social Paroquial de São Nicolau (Lisboa), que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian.

O patriarca de Lisboa realçou que os idosos “foram, e em muitos casos ainda são” vítimas das políticas de austeridade, porque “ficaram de repente sem um conjunto de meios que tinham vindo a acrescentar, ao longo da vida”.

“Também foram resposta ativa, porque em muitas famílias ai dos mais novos se não fossem os recursos humanos, logísticos e de apoio que eles [idosos] representaram”, prosseguiu.

A conferência promoveu, segundo a organização, um “intercâmbio de saberes no âmbito do envelhecimento” e “sobre possíveis caminhos para o seu sucesso e divulgar respostas a nível nacional para a população idosa”.

PR/OC

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