Quaresma: Bispo de Beja critica sociedade presa a um «olhar narcísico»

D. António Vitalino diz que é preciso ver mais além do que os próprios «interesses, desejos e apetites»

Beja, 26 mar 2014 (Ecclesia) – O bispo de Beja refletiu hoje, na sua habitual nota semanal, sobre a Quaresma enquanto tempo privilegiado de (re)descoberta do essencial da vida e da humanidade, em toda a sua “dignidade e beleza”.

No seu texto, enviado à Agência ECCLESIA, D. António Vitalino desafia as comunidades a “purificarem o seu olhar, os seus sentidos” e a “libertarem-se” da tendência de agir em função de “interesses, desejos e apetites”.

Uma sociedade presa a um “olhar narcísico” que, em inúmeras situações, tem levado pessoas “à perda do sentido da realidade”, ao “suicídio e homicídio”, recorda. 

“Como os apóstolos”, assinala o prelado, “precisamos de pedir a Jesus a sua visão, a sua maneira de se relacionar com as coisas e as pessoas, para as ver como Ele e criar com elas uma relação de conhecimento contemplativo, respeitador do que são em si mesmas, e não tanto no sentido de como elas nos são úteis”.

“O que significa então ver o essencial com os olhos de Deus”, como traduzir isso em “atitudes e comportamentos?”. Segundo o bispo, este é um dos principais tesouros da fé cristã.

Para explanar esta questão, D. António Vitalino recorre aos textos bíblicos que vão ser lidos no próximo domingo, quarto da Quaresma, particularmente ao evangelho, que conta a forma como Jesus curou um cego de nascença, perante o olhar dos fariseus que o condenavam como “pecador e herege”.

“Enquanto os que tinham olhos e conheciam as escrituras, segundo as quais o Messias estava para vir, não viram, o cego passou das trevas para a luz da verdade, da justiça, da bondade”, recorda o prelado, que deixa um convite a todas as comunidades católicas.

Que encarem este tempo de preparação para a Páscoa “de coração e olhar purificado” para melhor poderem ver “o mundo e a sua vida com os olhos de Jesus”.

Um mundo onde a “feliz esperança da vitória da vida” se sobreponha à “morte” e a “alegria da ressurreição” suplante “o desespero” de quem vive “voltado para a sua sombra e imagem, sem Redentor”, conclui.

A Quaresma é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão que este ano vai ser celebrada no dia 20 de abril.

JCP 

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Agência ECCLESIA

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