Universidade Católica contra défice ético

Reitora e vice-reitor da instituição académica sublinham necessidade de superar visão meramente técnica do ensino

Lisboa, 31 jan 2014 (Ecclesia) – A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) afirmou que a instituição tem o compromisso de contrariar um défice ético na formação académica e na construção do futuro pós-crise.

“Há uma acentuação de competências técnicas e uma menor acentuação de competências éticas, da componente humana”, disse Maria da Glória Garcia à Agência ECCLESIA, numa entrevista a respeito do Dia Nacional da UCP, que se celebra no domingo.

A responsável recordou, a este respeito, o o recente estudo, com a chancela da UCP, que ligava o grau de instrução e rendimento do agregado familiar à disponibilidade para ajudar os outros, mostrando que as pessoas com graus mais elevados de instrução ou de rendimento tendem a considerar menos importante ajudar os outros.

“Este estudo deve fazer-nos pensar, maduramente, sobre o que o Ensino está realmente a desenvolver, no contexto da sociedade. Deve investir-se muito mais nas humanidades, superar este desequilíbrio entre a dimensão ética e os conhecimentos técnicos”, assinala.

Segundo a reitora, a UCP incarna um “projeto que procura concretizar uma cultura própria, que é uma cultura cristã”, na forma como “vai vendo o mundo e encontrando respostas para as interrogações que esse mundo coloca”.

“A missão por excelência da Universidade Católica é a defesa e a promoção da pessoa humana, indo ao encontro que melhor defende a sua dignidade”, prossegue.

Maria da Glória Garcia sublinha que o momento de crise exige que não haja “complacência” com “desperdícios”.

“Este é um momento de reflexão. A austeridade, que é a marca do tempo que estamos a viver, deve ser enquadrada num ambiente que tem saberes que nunca como até agora foram tão aprofundados e tão especializados, nas diferentes áreas científicas, mas talvez tenha uma certa pobreza de dimensão humana, que tão necessária é, particularmente para quem é líder e tem nas mãos o poder”, concluiu.

O padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da UCP, fala da universidade como um “laboratório humano”, que deve levar as pessoas a despertar para “a construção de uma sabedoria, de uma identidade, de um património de valores”.

“A sede da verdade, a procura da verdade é aquilo que nos carateriza, nas diversas áreas do saber”, declarou à Agência ECCLESIA.

A Universidade Católica é apresentada como um projeto da Igreja em Portugal, com “grande abertura à internacionalização”, com “sensibilidade social” e o “desejo firme” de educar para valores como “a solidariedade, modelos de sociedade que sejam verdadeiramente inclusivos e a procura de um mundo mais justo”.

Em relação à recente polémica sobre as praxes académicas, o padre Tolentino Mendonça apela à valorização do “momento de entrada dos novos estudantes”, num “clima distendido, que reflita a cultura estudantil” e num “rigoroso respeito pelas pessoas”.

A UCP, fundada em 1967, vai assinalar este domingo o seu dia nacional, com o lema ‘Inspirar o Futuro’.

Os ofertórios das missas deste domingo devem reverter para a UCP, que os destina “integralmente” à atribuição de bolsas de apoio aos alunos da Faculdade de Teologia, sediada em Lisboa, com núcleos no Porto e Braga.

“É a comunidade no seu todo que contribui para que nesta faculdade possa existir o equilíbrio orçamental que é tão importante”, explica Maria da Glória Garcia.

MD/OC

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