Síria: Vaticano rejeita opção militar para solucionar conflito

Representante da Santa Sé na conferência internacional de paz «Genebra 2» apelou a «diálogo baseado na honestidade e confiança»

Cidade do Vaticano, 23 jan 2014 (Ecclesia) – O representante do Vaticano na conferência internacional para a paz na Síria, que decorre na Suíça, apelou às partes envolvidas que cessem hostilidades e se comprometam a “respeitar plena e absolutamente os direitos humanos”.

“Não há solução militar para a crise síria, a violência não conduz a nada, exceto à morte, à destruição e a um futuro vazio”, apontou D. Silvano M. Tomasi, arcebispo italiano e Observador Permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas, numa intervenção divulgada hoje pelo Vaticano.

A reunião “Genebra 2”, promovida pela Rússia, Estados Unidos da América e Nações Unidas, tem como principal objetivo encontrar uma alternativa pacífica para a guerra civil na Síria, que já terá provocado pelo menos 120 mil mortos e oito milhões de deslocados.

No centro do conflito, desde março de 2011, está a luta de poder entre o governo do atual presidente, Bashar al-Assad, e grupos contrários ao atual regime.

O representante do Vaticano salientou que “diante do sofrimento indescritível do povo sírio” há um “sentido de solidariedade e responsabilidade comum” que não pode ser ignorado.

Nesse sentido, pediu um “diálogo baseado na honestidade, na confiança mútua”, que conduza a “medidas práticas”.

D. Silvano Tomasi exortou a comunidade internacional a fazer “do cessar-fogo e do fim da violência” na Síria “uma prioridade” e propôs que “todas as armas sejam entregues e que o dinheiro investido em armamento seja canalizado para a assistência humanitária”.

O responsável chamou ainda a atenção dos líderes do processo de paz e dos países representados em Montreux, Suíça, para a importância de começar desde já a reconstruir aquele país árabe, não só em termos materiais mas também humanos, com “especial atenção para os jovens”.

“Através do seu compromisso e esforço”, as novas gerações “podem guiar a nação para um futuro pacífico e construtivo”, salientou o arcebispo italiano.

A reconstrução da Síria pressupõe também cuidar da “dimensão espiritual”, acrescentou o prelado, que apelou “a todas as confissões e comunidades religiosas locais para que promovam o diálogo, a compreensão e a confiança”.

As negociações de paz vão agora conhecer um novo capítulo em Genebra, desta vez entre o Governo e a oposição sírias.

Para o chefe da delegação da Santa Sé, “a paz na Síria pode converter-se num catalisador para a pacificação de outras regiões do Médio Oriente”.

JCP

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