Migrações: «Cultura de hospitalidade» é essencial para acolher bem os migrantes e refugiados

Diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados em Portugal destaca exemplo dado pelo Papa Francisco

Lisboa, 17 jan 2014 (Ecclesia) – O direto do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal defende que é necessário instituir uma “cultura de hospitalidade” para contrariar “a crise de valores” que se vive atualmente.

“Perante o sofrimento dos refugiados somos chamados à ação, não podemos ficar calados porque o nosso silêncio colabora com os opressores e os tiranos” e “num tempo em que se fala de crise a tantos níveis, importa também dar sinais que contrariem a chamada crise de valores e contribuam para uma cultura de hospitalidade, uma cultura que oriente a política europeia”, escreve André Costa Jorge, num texto publicado no semanário digital ECCLESIA, por ocasião do 14.º Encontro de formação de agentes sociopastorais das migrações que hoje se inicia em Albergaria-a-Velha (Diocese de Aveiro).

O diretor do JRS defende que “a cultura de hospitalidade se revela de facto essencial para a promoção da justiça e tem uma importância decisiva na integração dos migrantes”, acrescentando que “a hospitalidade como atitude deve ser entendida não só no seu aspeto mais afetivo, mas sobretudo como prática e a aprofundar em muitas dimensões” porque “acolher obriga a sair de si, ao respeito pelo outro, pela aceitação de que o outro seja o que é, passa pelo progressivo conhecimento de nós próprios e dos outros”.

No mundo atual “marcado pelos egoísmos e medos que não deixam que se abram as portas aos mais frágeis e vulneráveis, deixando-os tantas vezes sujeitos à violência e à morte” é “significativo que o Papa Francisco e a Igreja saiam em defesa dos migrantes e dos refugiados”.

“Infelizmente o mundo é hoje um lugar mais perigoso e ameaçador, a causa está nos diversos conflitos e convulsões sociais, alguns deles às portas da Europa, que forçam milhões de pessoas a sair dos seus países, nalguns casos para salvar a vida, engrossando a fileira de deslocados e refugiados”, escreve André Costa Jorge.

A visita do Papa à ilha italiana de Lampedusa, “lembrou a todos que é importante não ficarmos indiferentes ao sofrimento humano”.

“Hoje creio que somos todos chamados a colaborar numa cultura de hospitalidade, em comunhão com os gestos e as palavras do Papa e como testemunhas do amor de Deus pela humanidade, acolhendo os refugiados e os migrantes vulneráveis”, conclui o diretor do JRS.

Na sua primeira mensagem para a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, que vai ser celebrada pela Igreja Católica este domingo, Francisco apelou a uma mudança de “atitude” em relação aos migrantes e refugiados, alertando para os “tráficos de exploração, de dor e de morte” de que estas populações são alvo.

“Os migrantes e refugiados não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade, trata-se de crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a abandonar suas casas por vários motivos”, escreve Francisco numa mensagem intitulada “Migrantes e refugiados: rumo a um mundo melhor”.

No texto, divulgado pelo Vaticano, o Papa defende que é necessário passar de “uma atitude de defesa e de medo, de desinteresse ou de marginalização – que, no final, corresponde precisamente à ‘cultura do descartável’ – para uma atitude que tem por base a ‘cultura do encontro’, a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno”.

MD/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top